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O ESTRANGEIRO, Albert Camus

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Ele então perguntou se uma "mudança de vida", como ele chamava, não me atraía, e eu respondi que nunca se muda o modo de vida; uma vida era tão boa quanto outra, e a minha atual me serviu muito bem. Como estudante, tive muita ambição do tipo que ele queria dizer. Mas, quando tive que abandonar meus estudos, logo percebi que tudo aquilo era bem fútil. Perguntava com muita sinceridade se eu acreditava em Deus. Quando eu disse "Não", ele se sentou indignado na cadeira. Isso era impensável, ele disse; todos os homens creem em Deus, mesmo aqueles que o rejeitam. Disso ele tinha absoluta certeza; se alguma vez chegasse a duvidar disso, sua vida perderia todo o sentido. Lembrei-me que essa era a ideia favorita de Mamãe — ela estava sempre falando isso — que, com o tempo, as pessoas se acostumam com qualquer coisa. Então aprendi que, mesmo depois de um dia de experiência do mundo exterior, um homem poderia facilmente viver cem anos na prisão. Ele teria acumulado memórias su