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A ODISSEIA DE PENÉLOPE

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( Com um bônus no final ) O caráter do “ardiloso Odisseu” tem sido muito comentado: ele ganhou fama de mentiroso persuasivo e mestre nos disfarces. Você gostaria mesmo de ler a mente? Pense bem. [ Eu pensei bem e não gostaria ] Não refutava, não fazia perguntas inconvenientes, não me aprofundava. Queria finais felizes naquela época, e os finais felizes são alcançados quando mantemos certas portas trancadas e dormimos na hora da confusão. [ Se é que se pode chamar anulação de felicidade ] Sempre fui determinada. Paciente, diziam. Gosto de ver o final da história. Nascemos dos pais errados. De pais pobres, pais escravos, pais camponeses e pais servos; pais que nos venderam, pais de quem nos roubaram. Quando chorávamos, ninguém enxugava nossas lágrimas. Se dormíssemos, nos acordavam a pontapés. Se nossos donos, seus filhos, um nobre visitante ou os filhos dele quisessem deitar conosco, não poderíamos recusar. Isso tudo aconteceu conosco quando éramos crianças. Se fôssemos lindas cria

O DEMONOLOGISTA

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Qual é o verdadeiro fruto do pecado original? Individualidade! Passei minha carreira dando aulas sobre coisas nas quais não acredito. Um ateu estudioso da Bíblia. Um especialista em demônios que acredita que o mal é uma invenção humana. Nunca vi um truque de mágica que não conseguisse decifrar. [ Talvez esse seja o tipo ideal de pessoa para dar aulas sobre esse e outros temas que envolvem religião e crença ] Há coisas que têm um significado, cultural, mesmo sem existir. [ E não são poucas, eu diria ] A mente é onde eles habitam, e nela Podemos fazer do inferno um paraíso, do paraíso um inferno Este é John Milton, falando por meio de Satã, sua ficção mais brilhante. [ Vale para todos os deuses e demônios ] Outro ano passou (e, com ele, mais um doloroso clique no hodômetro pessoal). Você é um especialista do nada. Um vácuo que anda e fala. [ Descreve muitas pessoas que estudam anos e anos para se tornarem apenas idiotas com diploma ] Eu não admito a existência de demônios, como não

QUE BOBAGEM!

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    UM MODO DE OLHAR PARA O MUNDO   Na maioria dos debates, da mesa do bar ao plenário do Congresso Nacional, ter a ciência ao seu lado é quase sinônimo de “ estar certo ”. Dizer-se “ científico ” é reivindicar atenção, prestígio, um espaço privilegiado na mídia e no olhar do poder público. [ A gente vê muito disso, ao mesmo tempo em que criticam a “incapacidade” da ciência que “não sabe tudo”, as pessoas adoram citar cientistas que estão de alguma forma corroborando suas crenças, por mais absurdas que elas sejam ].   O prestígio a que a ciência faz jus vem de sua atitude fundamental de respeito pela totalidade da evidência – principalmente pela parte que contradiz aquilo em que gostaríamos de acreditar – e de abertura à revisão crítica.   Quando a atitude científica básica é posta de lado, o que se obtém – e não importa quantos PhDs, MDs ou prêmios Nobel estejam envolvidos – é pseudociência: uma falsificação, uma impostura. Algo que se arroga a credibilidade, o prestíg