MATRIX: Bem vindo ao deserto do real (fichamento)
Matrix: Bem vindo ao deserto do real
[editor] Willian Irwin; tradução Marcos Malvezzi Leal. São Paulo:
Madras, 2005
Introdução da edição brasileira:
– pág. 13
Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o Universo e os deuses” [frase
completa no templo de Delfos] – pág. 14
Prólogo a Matrix: – pág. 23
Não vemos o mundo como ele é, mas sim como os nossos sentidos o captam.
Uma rosa vermelha é todas as cores, menos o vermelho. Ela absorve as outras
cores e reflete o vermelho. – livro Matrix: Bem-vindo ao Deserto do Real, pág.
23
A matéria que compõe o homem é a mesma das estrelas. – pág. 24
O cérebro humano capta inúmeras frequências dimensionais, interpreta-as
e, por meio delas, cria a “realidade”. – pág. 25
Os estados mentais conhecidos como transcendentais podem ser explicados
pela física quântica. Nela, o observador é de vital importância; ele é uma das
variáveis. – pág. 25
Quando apurarmos o ouvido para escutar o Criador, ouviremos o nosso
próprio eco reverberando nos confins do Universo. Isso sem falar na maldição
(ou bênção) de nunca se ter a resposta definitiva às questões, e mais, a cada
resposta nascem mais perguntas. – pág. 25
É possível executar 169.518.100.544.000.000.000.000.000.000 combinações
de lances iniciais em uma partida de xadrez. Livro Matrix: Bem vindo ao deserto
do real – pág. 27
Cada vez mais a nossa sociedade caminha para a artificialidade, ou
seja, antes de as máquinas “pensarem” como nós, nós já pensamos, em muito,
igual a elas, de forma robotizada e mecânica. – pág. 27
As classes dominantes jamais abdicam do poder, mesmo que este as leve à
destruição. – pág. 28
Para quem crê que este perigo soa como ficção científica, recomendo
pesquisar a respeito dos vários projetos em andamento que têm como objetivo
desenvolver um software que não siga um programa preestabelecido, mas que
desenvolva sua própria programação, tendo como ponto-base um código aberto. –
pág. 28
O Golen de Silício refletirá o seu criador? E o reflexo será o macaco
assassino de poucos pelos? – pág. 28
TUDO ESTÁ INTERLIGADO. – pág. 29
Uma grande parte da cultura não é útil à sobrevivência da espécie e,
consequentemente, seria até ilógico gastar-se tempo com esse tipo de coisa. –
pág. 29
Os seres humanos desenvolveram o “dom artístico” há 40 mil anos, e com
isso se tornaram mais hábeis e criativos,o que propiciou, a partir daí, uma
dominação do ambiente nunca vista nos 2 milhões de anos do gênero homo. – pág. – pág. 29
O tolo é governado pelos astros, o sábio governa seus astros. – pág. 35
“Educação”, literalmente, etimologicamente, significa “conduzir para
fora”. – pág. 48
Introdução: Meditações sobre
Matrix – pág. 37
1 – Computadores, cavernas e
oráculos: Neo e Sócrates – pág. 41
“educação” literalmente, etimologicamente, significa “conduzir para
fora”. – pág. 48
Platão postulava que o intelecto e o corpo são tão alheios um ao outro
que sua união no nascimento traumaticamente provoca perda de memória, um tipo
de amnésia. – pág. 49
Ninguém se forma realmente em filosofia – É uma coisa muito abstrata. –
pág. 50
2 – Ceticismo, moralidade e
Matrix – Gerald J. Erion e Barry Smith – pág. 51
Em filosofia, a hipótese de que o mundo que vemos, ouvimos e sentimos
pode ser uma ilusão é defendida pelos proponentes de uma conhecida como
ceticismo. – pág. 52
Em sua obra clássica, meditações
sobre a filosofia primeira, Descartes apresenta um argumento cético
influente cujo objetivo não é provar que o ceticismo é verdadeiro, mas sim
estabelecer uma fundação sólida para a ciência. Descartes começa meditações declarando a intenção de
suspender todas as suas crenças em que possa haver a menor dúvida. – pág. 53
Heurística
As primeiras crenças a serem suspensas nesse processo de suspensão são
aquelas que Descartes tinha formado na base da sensação. Observa Descartes:
“Percebi que, de tempos em tempos, nossos sentidos nos enganam”. – pág. 53
Como os nossos sentidos às vezes nos enganam, muitas das crenças que
justificamos com base em evidências sensoriais não se enquadram no alto padrão
de Descartes; por isso, ele as exclui. – pág. 54
Descartes sugere que até algumas crenças relativamente controvertidas
podem estar sujeitas a dúvida. Explica que costumamos cometer erros justamente
sobre esse tipo de coisa quando sonhamos.
– pág. 54
“Já teve um sonho, Neo, que você tinha certeza de que era real? E se
você não conseguisse acordar desse sonho? Como saberia a diferença entre o
sonho e o mundo real?” Fala do filme Matrix. – pág. 54
Escreve Descartes: “Esteja eu acordado ou dormindo, dois mais três
continua sendo cinco, e um quadrado não tem mais que quatro lados”. – pág. 54
Suponhamos, diz ele, que um “demônio maldoso de grande poder e astúcia
tenha empregado todas as suas energias para me enganar”. Essa criatura poderia
facilmente nos levar a conclusões erradas sobre a soma de dois e três ou o
número de lados de um quadrado. – pág. 54
“Eu considerarei que não tenho mãos ou olhos, nem carne, sangue ou
sentidos, mas apenas acredito falsamente nessas coisas”. – pág. 55
Afirma Unger (Peter), “Ninguém pode saber
[com plena certeza] que não existe
um cientista maligno que, por meio de eletrodos, realmente esteja enganando as
pessoas para acreditarem falsamente que existem rochas” e, portanto, ninguém pode saber que existem rochas. –
pág. 55
É importante observarmos que o cenário do cético é uma mera possibilidade, e muito improvável. –
pág. 56
Para Descartes o conhecimento exige certeza
absoluta; não podemos estar absolutamente certos de que um demônio maldoso
(ou um sistema computadorizado maligno) não está nos enganando durante a
sensação; por isso não podemos usar a sensação para justificar nossas alegações
de conhecimento. – pág. 57
O princípio epistemológico fundamental de Descartes, de que só o
conhecimento marcado pela certeza é genuíno tem seus problemas. É um princípio
que derrota a si mesmo “a menos que [os céticos] tenham certeza de que o conhecimento exige certeza, eles não podem saber
que é assim”. – pág. 58
3 – a possibilidade de Matrix –
David Mitsuo Nixon – pág. 63
Você não pode dizer que sabe algo, a menos que não haja a menor
possibilidade de estar enganado. – pág. 65
[Conhecimento como o dizemos nos dias de hoje] permite dizer que você
tem conhecimento comum de alguma coisa, mesmo que exista a possibilidade de um
engano. – pág. 65
Para uma crença ser considerada conhecimento,
deve ser justificada. – pág. 65
Conhecimento é uma crença verdadeira justificada. – pág. 66
O próprio fato de você acreditar em algo compromete seus bons motivos
para acreditar. – pág. 69
Ele [Neo] não pode confiar nesses princípios simplesmente porque não
pode confiar em suas experiências passadas. E não pode confiar nas experiências
atuais sem confiar nas passadas. – pág. 69
4 – Ver, crer, tocar e a verdade
– Carolyn Kormeyer – pág. 75
5 – A metafísica de Matrix –
Jorge J. E. Garcia e Jonathan J. Sanford – pág. 89
6 – O fantasma feito pela
máquina: Ou a filosofia da mente, estilo Matrix – Jason Holt – pág. 99
[O Melhor!]
Um fantasma na máquina – Album do Police, Ghost in the machine – pág. 100
Como a mente e a matéria podem interagir se são essencialmente
substâncias diferentes que operam de acordo com seus próprios princípios
exclusivos? E onde elas interagem? –
pág. 101
Behaviorismo, a visão psicológica segundo a qual os estados mentais são
apenas pedaços de comportamento; ou melhor, disposições
comportamentais. – pág. 101
Quando digo “Ai!” é por causa das propriedades microfísicas de meu
cérebro, que me fazem dizer “Ai!”. Minha dor, portanto não é a disposição para
dizer “Ai!”, mas sim um certo estado de meu cérebro, que me faz dizê-lo. Isso é
materialismo. – pág. 101
O materialismo é uma teoria boa. Simples, elegante, frutífera, bem
coerente com nosso cabedal de conhecimentos e, relativamente, ancora a mente ao
mundo físico. Mas o materialismo tem as suas armadilhas. Praticamente nenhum filósofo
contemporâneo acredita nele. Eu sou uma exceção. – pág. 101
Uma ideia relacionada, obviamente, é que todos os eventos físicos têm
causas físicas. Esse não é um problema para o materialismo. – pág. 102
Se você “artificializar” meu cérebro, neurônio por neurônio, até eu
ficar como Data, onde terminaria a mente para começar a imitação mental? – pág.
103
A criatividade é programável. – pág. 103
Se eu nunca tivesse visto a cor vermelha, não seria capaz de imaginar
como é enxergar o vermelho. Mas isso não quer dizer que as experiências com a
cor vermelha sejam estados cerebrais. Significa apenas que nunca tive esse estado cerebral. – pág. 104
Uma prótese perfeita funcionaria tão bem quanto um membro normal, se
não melhor, e teria as mesmas sensações. – pág. 105
A perspectiva de estados mentais artificiais, em mentes naturais ou
não, não exclui a identidade natural de mente e cérebro. – pág. 105
Como e por que aquelas características do cérebro que geram consciência
geram consciência? – pág. 105
Esse é um problema difícil. É o
problema difícil! – pág. 105
Algo no sujeito determina que ele seja sujeito (o ser consciente) –
pág. 106
Como o cérebro cria esse significado? – pág. 106
A premissa de Matrix é concebível, clara e, ao que tudo indica, coerente.
Não é muito provável, não vale a pena preocupar-se com ela. Mas poderia
acontecer. – pág. 106
7 – Neomaterialismo e a Morte do
Sujeito – Daniel Barwick – pág. 107
Os materialistas acham que o mundo e tudo nele (inclusive a mente) é
composto inteiramente de matéria física e os dualistas não. – pág. 108
Assenam (?) [Palavra com erro grave de digitação] – pág. 109
Compreender uma coisa não é o mesmo que saber como experimentar essa coisa. – pág. 110
O behaviorismo é um método que parte do pressuposto de que todos temos
acesso ao comportamento – em inglês, behavior. O materialismo, em todos os seus
sabores, é uma visão sobre que tipos de coisas – materiais – existem no
universo. – pág. 112
O materialista eliminante também precisa explicar por que essa ilusão universal ocorreu, em primeiro lugar. –
pág. 113
Se o materialismo eliminante fosse verdadeiro não haveria objetivo para
a construção da Matriz. O propósito da Matriz parece ser proporcionar
experiências falsas quando não há experiência alguma, falsa ou genuína. – pág.
113 [Mas claro que há experiência! Só não há uma causa não material e nem um
captador não material dessas experiências].
Na introspecção, Hume descobre percepções, mas ninguém para perceber. –
pág. 114
Ter consciência é ter consciência
de algo. Não há como pensar sem pensar num ou noutro objeto. – pág. 114
Sartre escreve: “A consciência é definida pela intencionalidade. Por
meio da intencionalidade, a consciência transcende a si própria... o objeto é
transcendente à consciência que o capta, e é no objeto que a unidade da
consciência é encontrada.” A consciência é como uma transparência; quando
tentamos distingui-la, “damos de cara” com o objeto. – pág. 114
Ludwig Wittgenstein escreveu: “Não existe tal coisa: O sujeito que pensa ou tem ideias.” Todas as características de um objeto estão no objeto, não
no sujeito. – pág. 114
Em vez de colocar o mundo na mente, precisamos colocar a mente no mundo
(idealismo é a visão segundo a qual nada é material, e o mundo é apenas um
grupo de ideias imateriais em nossa mente) – pág. 115
Uma porta para o mundo exterior exige a existência de um mundo
exterior. – pág. 115
A consciência é composta das revelações apresentadas pela consciência.
– pág. 115
A Matriz produz um mundo ilusório, não imoral. – pág. 116
Não há como compreendermos a consciência sendo forçada por alguma
coisa. – pág. 116 [Não mesmo?]
Estar consciente de uma coisa e não de outra nunca foi uma medida de
status moral. – pág. 116
8 – DESTINO, LIBERDADE E
PRÉ-CONHECIMENTO – Theodore Schick Jr. – pág. 117
Você é livre para realizar uma ação somente se puder evitar cometê-la.
Se você tem de fazer uma coisa – se não está em seu poder evitar – então não é
livre. – pág. 117/118
Immanuel Kant. Segundo ele, a única coisa intrinsecamente valiosa – boa
por si e em si – é a habilidade para fazer escolhas racionais. – pág. 118
O que mais pode importar para nós, além de como sentimos nossas vidas
por dentro? – pág. 119 [A vida de quem amamos, oras!]
Queremos fazer certas coisas, e não apenas ter a experiência de
fazê-las... – pág. 119
Não há resposta à pergunta sobre o que é uma pessoa que está no tanque.
Ela é corajosa, gentil, inteligente, espirituosa, amável? Não é apenas difícil
dizer – a pessoa simplesmente não é nada... – pág. 120
Não há um contato real com qualquer realidade mais profunda. – pág. 120
[E como ter certeza de que existe alguma realidade profunda?]
A questão levantada pelo oráculo, porém, é se as pessoas no mundo real
fazem escolhas reais. – pág. 120 [Pois é! Não dá para afirmar nada]
O aparente conflito entre onisciência e livre
vontade é bem conhecido pelos teólogos cristãos. Deus, na concepção cristã
tradicional, é onipotente (todo poderoso), onisciente (sabe tudo) e
onibenevolente (bondade pura). Os cristãos também tradicionalmente acreditam
que os seres humanos têm o livre-arbítrio ou a livre vontade. Mas se Deus sabe
tudo o que nós fazemos ou faremos, então parece que não somos livres para fazer
outra coisa. O estadista medieval e filósofo Boécio (480-524) apresenta uma das
mais antigas e sucintas formulações do dilema:
“Parece-me haver
uma grande incompatibilidade entre a existência do pré-conhecimento universal
de Deus e a de qualquer liberdade de julgamento. Pois se Deus prevê todas as
coisas e não pode estar errado em nada, aquilo que sua Providência vê acontecer
deve se concretizar... Além disso, assim como quando eu conheço um fato
presente, ele deve ser como eu conheço, também quando sei de algo que
acontecerá no futuro, deve acontecer como previsto. Consequentemente, a
realização de um evento previsto deve ser inevitável”
O que Boécio quer
dizer é isso: se alguém sabe que algo vai acontecer, então é verdade que vai
acontecer, pois não se pode saber uma coisa falsa. Por exemplo, você não pode
saber que 1+ 1 é igual a 3, porque 1 + 1 não é igual a 3. Mas se é verdade que
algo vai acontecer, então não é possível que não aconteça. Se é verdade que o
sol vai nascer amanhã, por exemplo, ele tem que nascer; do contrário, a
afirmação não seria verdadeira. Portanto, se alguém sabe que alguma coisa vai
acontecer, ela tem de acontecer. Mas se tem de acontecer – se é inevitável –
então ninguém tem a liberdade de impedir. O preço da onisciência é a liberdade.
Embora Boécio
achasse que o aparente conflito entre onisciência e livre vontade pudesse ser
evitado se Deus existisse fora e além do tempo, o grande reformador protestante
e fundador da igreja presbiteriana, John Calvino (1509-1564), achava que era
justamente porque Deus existe fora do tempo que ninguém pode mudar seu destino.
Ele escreve:
“Quando atribuímos
pré-conhecimento a Deus, dizemos que todas as coisas já estiveram e permanecem
perpetuamente diante de Seus olhos, de modo que para o conhecimento Dele nada é
futuro ou passado, mas todas as coisas são presentes; e presentes de uma
maneira que Ele não apenas as concebe a partir de ideias formadas em Sua mente,
como as coisas lembradas por nós parecem presentes à nossa mente, mas de fato
as vislumbra e vê como reais diante de Si. E esse pré-conhecimento se estende
para o mundo todo, e todas as criaturas. Chamamos de predestinação o decreto
eterno de Deus, através do qual Ele determinou em Si Próprio o que aconteceria
a cada indivíduo da humanidade. Pois nem todos são criados com um destino
semelhante; mas a vida eterna é pré-ordenada para alguns e a condenação eterna
para outros.”
Segundo a visão de
Calvino, Deus pode ver rapidamente todo momento da vida de qualquer pessoa.
cada uma de nossas vidas se estende diante de Deus como um carretel de filme
rodando. Assim como cada fotograma é fixo, também o é cada evento de nossas
vidas. Consequentemente, Calvino afirmava que alguns de nós estamos destinados
a ir para o céu e outros para o inferno, e nada podemos fazer para mudar isso.
Você pode
argumentar que, embora Deus saiba que escolhas você fará, Ele não as fez em seu
lugar. Talvez isso seja verdade, mas é irrelevante porque você só tem a
liberdade de fazer algo se puder se recusar a fazê-lo. Se uma ação é inevitável
– e deve ser, já que Deus a prevê – então quem a realiza não está livre.
Onisciência
e livre-arbítrio parecem ser incompatíveis. Se é verdade que alguém sabe tudo,
não pode ser verdade que existe a livre vontade. Isso se aplica também ao
vidente. Por exemplo, se Deus é onisciente, Ele conhece seu próprio futuro. Mas
então, Seu futuro é determinado, e mesmo Ele não tem o poder de muda-lo.
Portanto, a onisciência parece não só excluir a livre vontade, mas também a
onipotência. Algumas pessoas argumentam que isso é uma prova de que Deus,
conforme concebido tradicionalmente, não existe. Outros, porém, afirmam que,
com a devida compreensão, não há conflitos entre essas propriedades. – Pág. 122/123
“Concebida, por um instante, uma inteligência que pudesse compreender
todas as forças que animam a natureza e a respectiva situação dos seres que a
compõem – uma inteligência suficientemente vasta para submeter esses dados à
análise – ela abrangeria na mesma fórmula os movimentos dos maiores corpos do
Universo e aqueles do átomo mais leve. Para ela, nada seria incerto; o futuro e
o passado estariam presentes aos seus olhos.”
O
demônio de Laplace, como esse ser é chamado, saberia o futuro de tudo no
Universo. Ele poderia dizer a você exatamente onde se encontra qualquer coisa e
em que estado essa coisa estará a qualquer momento no decorrer de sua
existência. Num mundo assim – que muitos interpretam como sendo o nosso mundo –
não pode haver o menor livre-arbítrio. – Pág. 124/125
Reconhecendo que ninguém é capaz de fazer algo além
daquilo para que está programado, o psicólogo B. F. Skinner afirma que devemos
abandonar a noção de que os seres humanos têm livre vontade e que devem ser
elogiados ou criticados por seus atos. – Pág. 125
Epicuro (341-270 a. C) compreendia que, se todo
evento é causado por outros eventos, não pode existir a livre vontade. – Pág.
125
A maioria dos físicos modernos concorda com Epicuro
que determinados eventos – como o decaimento radioativo de um átomo – são
puramente aleatórios, ou seja, sem causa. – Pág. 125
O físico Sir Arthur Eddington: “A revolução da física atual o determinismo
tem, portanto, a importante consequência de que não é mais necessário supor que
as ações humanas são completamente predeterminadas. – Pág. 126
Embora só isso não estabeleça a existência da livre
vontade (não podemos ser mais responsáveis por um evento aleatório do que por
um evento determinado), pelo menos faz dela algo possível. – Pág. 126
9 - Não
existe colher: um espelho budista – Michael Brannigan – pág. 131
10 - A
religião de Matrix e os problemas do pluralismo – Gregory Bassham – pág. 141
É muito difícil formular uma versão de pluralismo
religioso que seja coerente e plausível. – Pág. 146 [As religiões não são coerentes e plausíveis. Se nenhuma delas é, por que a reunião
de todas, ou de algumas, seria?]
O antropólogo Antony Wallace calculou que nos
últimos 10.000 anos os seres humanos construíram nada menos que 100.000
religiões. – Pág. 146 [Por que só a sua seria correta?]
A maioria dos filósofos e teólogos contemporâneos
concordaria que poucas doutrinas religiosas (se é que alguma) podem ser
justificadas racionalmente sem recorrer, em última instância, à revelação
Divina. – Pág. 148
Então, que motivos o pluralista tem para achar que
a sua mistura pessoal de crenças religiosas é a verdade, enquanto o resto do
mundo está errado? – Pág. 148 [A mesma que qualquer crente de qualquer religião
tem, ou seja, nenhuma]
(Sobre Hick ter dito que o Real é “um ou muitos,
pessoa ou coisa, substância ou processo, bem ou mal, proposital e não
proposital) Que sentido há numa suposta entidade religiosa que não é um nem nenhum; que não é o sustentador do Universo nem o não sustentador
do Universo; que não é a fonte da autêntica experiência religiosa nem a
não-fonte da autêntica experiência religiosa? – Pág. 149 [Que sentido há numa
entidade religiosa, qualquer que seja?]
Para cada crença sua, quando você se dá conta de
que não dispõe de argumentos para defende-la e, portanto, não pode convencer
pessoas sensatas e bem-intencionadas que discordam de você, seria arrogante
continuar apegando-se a ela; e o melhor a fazer é abandoná-la. – Pág. 151 [Pode
não valer para abandonar, mas vale para pensar melhor nisso e não ser radical e
fundamentalista]
Todo mundo é intelectualmente arrogante. –
Pág. 152 [Acho que isso seria uma
tendência, não um fato, e por ser tendência, pode ser controlada pela própria
intelectualidade, Então, justamente por saber disso é bom, e lógico, não ser
radical]
11 -
Felicidade e a escolha de Cypher: A ignorância é felicidade? – Charles Griswold
Jr – Pág. 155
Você não pode ser feliz se abrigar no peito uma
enraizada insatisfação consigo mesmo, com aquilo que você realmente é. – Pág.
161 [Será que não? Acho que a gente “abstrai” muitos tipos de insatisfação em
muitos momentos da vida para conseguir estar feliz]
A felicidade é a certeza de desejar as coisas
certas do modo certo. – Pág. 162 [Mas você não poderia estar enganado sobre as
coisas e os modos serem certos quando não são?]
12 - Nós
somos o “Escolhido”! Kant explica como manipular a Matriz – James Lawer –
Pág. 167
O egoísta acredita que ele é o “escolhido”, o
centro do Universo, o ser para o qual tudo foi criado. – Pág. 171 [Nesse
sentido todos os cristãos são egoístas]
Nós – a humanidade em geral, todos os seres
inteligentes do Universo – somos, em nosso caráter único, o verdadeiro centro
da existência. – Pág. 171 [Quanto de egoísmo existe aqui!]
O medo fundamental é o medo da morte. – Pág. 171
A doutrina cristã de uma imortalidade em outro
mundo não cumpre as exigências da consciência moral. – Pág. 178
13 -
Memórias do subsolo: Niilismo e Matrix – Thomas S. Hibbs – Pág. 183
Memórias do Subsolo, de Dostoiévski
Demônios, de Dostoiévski
Para exibir a própria liberdade, são capazes de
deliberadamente escolher aquilo que é prejudicial e autodestrutivo. – Pág. 185
Afirmação de Nietzsche: Os seres humanos “preferem
desejar o nada a não desejar”. – Pág. 185/186
“Humanos”, observa o agente Smith, “definem a
realidade pela miséria e pelo sofrimento.” – Pág. 190
Para se realizarem os ditames da razão, a própria
natureza humana deve ser corrigida. – Pág. 190
O filme foi muito mais elogiado por seus efeitos
especiais do que pela habilidosa trama e caráter. – Pág. 191
Neo subestima não tanto a oposição contínua da
Matriz, mas principalmente a resistência de humanos complacentes, ainda
escravos. A lição de Cypher parece ter sido esquecida. – Pág. 192
14 - Tomando
uma pílula amarga: autenticidade em Matrix e A Náusea – Jennifer L. Mc Mahon
– Pág. 193
A visão existencialista é que a existência não tem
um propósito inerente nem um desígnio subjacente. – Pág. 193
“As coisas se separam de seus nomes”. Roquetin
(personagem de A Náusea) – Pág. 198
Alcançar a autenticidade não só implica aceitar que
o mundo não tem uma ordem ou propósito intrínseco, mas também que somos
criaturas frágeis e finitas com total responsabilidade por nós mesmos e pelos
significados que criamos. – Pág. 200
Embora a autenticidade implique aceitar alguns
fatos perturbadores, ao contrário da inaltenticidade, ela permite que a pessoa
viva honestamente. – Pág. 202 [E o inaltêntico não pode fingir (ou acreditar)
que vive honestamente?]
A autenticidade representa uma abertura para nós
mesmos e uma aceitação do que ela é. – Pág. 203 [Isso existe mesmo?]
15 - O
paradoxo da resposta real à Neoficção – Sarah E. Worth – Pág. 205
Lawnmover Man, Lawnmover Man 2
Julgamos as pessoas e situações sem ter plenas
informações o tempo todo. Por questão de praticidade, preenchemos os espaços
vazios de conhecimento com nossos palpites e preconceitos. A realidade pode não
ser tão “real” quanto pensamos, já que construímos boa parte dela. – Pág. 211
Recebemos uma estrutura em esqueleto do que está
acontecendo, e usamos nossa imaginação para encher os detalhes. – Pág. 211
Se esse é realmente o caso, de fato, estamos
criando e preenchendo partes significativas de nossas realidades, estamos, de
certa forma, inventando nossas histórias – e essas histórias são nossas vidas.
– Pág. 212
Criamos significado e memória. – Pág. 212
16 - Gênero
real e filosofia virtual – Deborah Knight e George Mc Knight – Pág. 215
Quaisquer que sejam as questões filosóficas a que
Matrix alude, o filme não propõe respostas filosóficas,
mas somente de gênero. – Pág. 216
“Ler” um filme em termos de gênero é levar em conta
como a plateia procura filmes de gênero com expectativas baseadas em seu
envolvimento anterior com esse tipo de filme. – Pág. 216 [Vale o mesmo para
textos?]
Se abordarmos os aspectos filosóficos por meio da
questão de gênero, percebemos que a maior parte do que pode ser considerado
“filosófico”, na verdade, já faz parte da herança genérica do filme. – Pág. 217
[Vale o mesmo para textos?]
Uma das características mais marcantes da ficção
científica é a sua concentração nas grandes perguntas, como: “Qual é o
significado da vida?” e “O que significa ser humano?” – Pág. 216
Os textos literários e os autores de literatura
podem levantar pontos de interesse filosófico sem estar propriamente engajados
em discussão abertamente filosófica. – Pág. 222
Os filmes de gênero sempre nos dizem quem é o herói
e quem são os vilões. – Pág. 223 [Será mesmo? Não tem exceção?]
17 -
Penetrando Keanu: Novos orifícios, mas a mesma e velha porcaria – Cynthia
Freeland – Pág. 229
18 - Matrix,
Marx e a vida de uma bateria – Martin A. Danahay e David Rieder – Pág. 239
[Na Matriz], a humanidade trabalha, e as pessoas
recebem exatamente aquilo que merecem. – Pág. 246 [E o mendigo?]
19 - A simulação
de Matrix e a era pós-moderna – David Weberman – Pág.247
Vivemos num mundo de coisas e de representações de coisas. – Pág. 251 [Não dá para afirmar
isso... como se pode dizer sobre tudo...]
As máquinas querem uma população humana dócil; por
isso, seria imprudente permitir a fome e a depravação. – Pág. 254 [E o
mendigo?]
O real é o que podemos “sentir, cheirar, degustar e
ver” e isso consiste em “sinais elétricos interpretados por seu cérebro, então,
aparentemente, a realidade virtual é tão real quanto a realidade. – Pág. 257
20 - Matrix:
ou os dois lados da perversão – Slavoj Zizec – Pág. 259
Quando vi Matrix num cinema na Eslovênia, tive a
oportunidade única de me sentar perto do espectador ideal do filme – ou seja,
um idiota. – Pág. 259
O paradoxo é, portanto, que as duas versões – (1)
um sujeito flutuando livremente de uma RV para outra, um mero fantasma ciente
de que toda realidade é uma farda, (2) a suposição paranoica da realidade real
por trás da Matrix – são falsas. Ambas não captam o real. – Pág. 264
O ícone do sujeito de hoje é talvez o programador
de computadores indiano que, durante o dia, destaca-se em sua especialidade e à
noite, ao voltar para casa, acende uma vela para a divindade hindu local e
respeita a divindade da vaca. – Pág. 265
“O louco não é apenas um mendigo que pensa ser um
rei, mas também um rei que pensa ser rei”. Lacan – Pág. 268
A diferença sexual não designa nenhuma posição
biológica fundamentada em propriedades “reais”, mas puramente um oposto
simbólico ao qual nada corresponde nos objetos designados. – Pág. 271
O filme não deveria ter dado um passo além,
aceitando a proposição de que o eu ,
o eu mesmo, o sujeito, não existe? – Pág. 274
Realidade é uma última instância, aquilo que
resiste. – Pág. 276
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