O GUIA DO MOCHILEIRO DAS GALÁXIAS - Douglas Adams





Uma posição radical ateísta pode até significar que sua vida é uma corrida rumo ao esquecimento – mas ao menos você pode fazer isso com estilo. Como você se comporta hoje, o que você faz com cada momento, como você explora os talentos e as oportunidades à sua disposição são coisas muito mais importante para um ateu genuíno do que para os religiosos mais genuínos. Longe de perder o sentido, o que você faz nesta vida subitamente torna-se incrivelmente importante, já que você só tem essa única possibilidade de fazer a coisa certa, de mudar alguma coisa, de contribuir de alguma forma para aqueles que você ama ou que seguirão seus passos.

Nova York não existia mais. Nenhuma reação. Na verdade, no fundo ele nunca acreditara mesmo na existência de Nova York.

Ora, seria uma coincidência tão absurdamente improvável que um ser tão estonteantemente útil viesse a surgir por acaso, por meio da evolução das espécies, que alguns pensadores veem no peixe-babel a prova definitiva da inexistência de Deus.
O raciocínio é mais ou menos o seguinte: ‘Recuso-me a provar que eu existo’, diz Deus, ‘pois a prova nega a fé, e sem fé não sou nada.’
Diz o homem: ‘Mas o peixe-babel é uma tremenda bandeira, não é? Ele não poderia ter evoluído do acaso. Ele prova que você existe, e portanto, conforme o que você mesmo disse, você não existe. QED.’
Então Deus diz: ‘Ih, não é que eu não tinha pensado nisso?’ E imediatamente desaparece, numa nuvenzinha de lógica.

De início, Ford elaborou uma teoria para explicar esse estranho comportamento. Se os seres humanos não ficarem constantemente utilizando seus lábios – pensou ele – eles grudam e não abrem mais. Após pensar e observar por alguns meses, abandonou essa teoria em favor de outra: se eles não ficarem constantemente exercitando seus lábios – pensou ele –, seus cérebros começam a funcionar.

[Os Krikkit] Acreditam na “paz, justiça, moral, cultura, esporte, vida familiar e na aniquilação de todas as outras formas de vida”.

Há um sentimento predominante na Inglaterra de que tornar um sanduíche interessante, atraente ou de qualquer modo agradável de comer é algo pecaminoso que só os estrangeiros fazem.

– Astrologia não é uma ciência [...] claro que não é. Não passa de um conjunto de regras arbitrárias como xadrez ou tênis, ou... qual é mesmo o nome daquela coisa esquisita de que vocês ingleses brincam?
– Humm... críquete? Autodepreciação?
– Democracia parlamentar.

Qualquer universo em particular não chega exatamente a ser uma coisa, mas sim uma maneira de compreender o que é tecnicamente conhecido como MGTC, Mistureba Generalizada de Todas as Coisas. A Mistureba Generalizada de Todas as Coisas também não existe na prática – é apenas a soma total de todas as maneiras diferentes que haveria para compreendê-la, caso existisse uma.

Bom, a lógica é uma coisa maravilhosa, mas possui, tal como os processos de evolução descobriram, algumas desvantagens.

Um terminal de computador não é uma televisão velha e pesadona com uma máquina de escrever na frente.

Você não pode ver o que eu vejo porque vê o que você vê. Não pode saber o que sei porque sabe o que você sabe. O que vejo e o que sei não podem ser acrescentados ao que você vê e ao que você sabe porque são coisas diferentes. Também não podem substituir o que você vê e o que sabe porque isso seria substituir você mesmo.

Tudo o que você vê, ouve ou vivencia de qualquer jeito que seja é específico para você. Você cria um universo ao percebê-lo, então tudo no universo que percebe é específico para você.

Se você quiser saber, posso lhe contar que no seu universo é possível se movimentar livremente nas três dimensões que vocês chamam de espaço. Vocês se movem em linha reta numa quarta dimensão, a que chamam de tempo, e ficam estáticos em uma quinta, que é a primeira fundamental da probabilidade.

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