GÊNEROS LITERÁRIOS - Angélica Soares
Explicação: Já li alguns livros na vida. Tenho o hábito de ler livros com uma caneta na mão. Depois de sublinhar o que me chama a atenção no livro, isso quando posso, digito os trechos grifados num fichamento que, até hoje esteve guardado com a intenção de ser apenas um material para a provável (ou não) necessidade de fazer uma revisão. Resolvi publicar esses fichamentos porque podem ser úteis para alguém. São palavras dos outros, mas são minhas porque fui eu quem as selecionou; e o fiz com base no meu próprio julgamento.
GÊNEROS LITERÁRIOS
SOARES, Angélica, Gêneros literários,
Série Princípios, Ed. Ática, São Paulo, SP,
1997
— ... reunir,
... as obras literárias onde a realidade aparece de um determinado modo,” (p.7)
— ...gênero ...
significa tempo de nascimento, origem, (p.7)
— ... muitos
teóricos chegam mesmo a considerar o gênero como categoria imutável ... outros,
... defendem a mistura dos gêneros, (p.7/8)
— Platão ... nos
deixou a primeira referência, ... aos gêneros literários: (p.9)
— ... poetas em
nada contribuíam para o projeto político de edificação de uma polis ideal. (p.9)
— ...
Aristóteles ... A ênfase na diferença entre o mundo empírico e a realidade da
arte leva o filósofo a valorizar o trabalho poético e a se voltar para o estudo
de seus modos de contribuição, a fim de detectar as diferentes modalidades ou
gêneros de poesia: (p.9/10)
— ... todas elas
usam o ritmo, a melodia e o verso, ... de forma diferente: a poesia ditirâmbica
emprega todos eles simultaneamente, ... a tragédia e a comédia os empregam
alternadamente. (p.10)
— ... a tragédia
que apresentava homens melhores do que nós, ... e a comédia, ocupando-se dos
homens “piores” do que nós (p.10)
— ... em
Aristóteles, a diferenciação formal dos gêneros está intimamente ligada à
preocupação conteudística. (p.10)
— Na arte
poética horaciana, ... só pode ser tido como poeta aquele que sabe respeitar o
domínio e o tom de cada gênero literário. (p.11)
— ... uma
referência importante aos gêneros é feita por Dante ... que, ... classifica o
estilo em nobre, médio e humilde, (p.11/12)
— ... a teoria
dos gêneros passa a constituir-se como normas e preceitos a serem seguidos
rigidamente, (p.12)
— ...
acrescenta-se um terceiro gênero, a poesia lírica, (p.12)
— Nicolas
Boileau-Despréaux ... localiza todo o brilho do valor da arte na razão, (p.13)
— Mantém-se a
noção de gênero literário defendida pelo horacianismo da Ranascença: (p.13)
— No século
XVII, à chamada “Querela dos antigos e modernos”. (p.13)
— É na Segunda
metade do século XVIII, ... que as idéias de historicidade e conseqüente
variabilidade dos gêneros ganham força maior. (p.13)
— A concepção do
poeta como um gênio, ... leva à valorização da individualidade e da autonomia
de cada obra, (p.13)
— A liberdade de
criação permanece como bandeira dos românticos ... Friedrich Schilegel ... da
fantasia dos poeta não podia resultar obras caóticas, (p.14)
— Victor Hugo,
... faz a defesa do hibridismo dos gêneros, (p.14)
— Da mistura dos
gêneros resultariam, por exemplo, tragicomédias ou romances líricos. (p.14)
— Brunetière ...
defende a idéia de que uma diferenciação e uma evolução dos gêneros literários
se dão historicamente, como nas espécies naturais, (p.15)
— Brunetière
mantinha a posição normativa, segundo a qual os gêneros eram vistos como
entidades existentes em si, ... com o que se deixava de lado a investigação do
que era especificamente literário. (p.15)
— Benetto Croce
... opôs-se ... Brunetière, (p.15)
— Segundo Croce,
todo conhecimento ou é intuitivo ou lógico, (p.15)
— Croce recusa a
sujeição da criação poética (de imagens) à realidade. ... entendia a obra
literária como individualidade, (p.15/16)
— ... a estética
crociana nega a substancialidade dos gêneros, mas admite a sua
instrumentalidade para a construção da história literária, cultural e social.
... o conceito de gênero deveria ser entendido sempre como um elemento
extrínseco à essência da poesia, ... E, ...não poderia servir de base a
qualquer critério de julgamento da obra. (p.16)
— ... não falta,
entre os teóricos contemporâneos, uma repercução do pensamento de Croce: ...
Vossler, ... nas proposições do New
criticism de Allan Tate; e ... a teoria do estranhamento de Chklovski.
(p16/17)
— ... Tynianov
... volta o movimento formalista para a questão da história literária, propondo
uma aproximação entre a série literária e a não-literária e introduzindo os
princípios de “função”, de “sistema” e de “dominante”. ... reintroduz-se a
idéia de gênero como um fenômeno dinâmico, ... Tynianov caracterizava a
literatura como uma constante função histórica. (p.17)
— Tomachevski,
... consideraria como traços dos gêneros um grupamento em torno de
procedimentos perceptíveis. ... embora houvesse outros procedimentos
necessários à criação do conjunto artístico. ... é possivel estabelecer
classificação lógica ou fechada dos gêneros, porque sua dimensão é sempre histórica.
... limitava o dinamismo dos gêneros ... às propriedades que, ... transformavam
um texto em obra literária. (p.17)
— ... Bakhtin se
voltaria para ... a percepção. ... as expectativas do receptor, ... a maneira
como a obra literária capta a realidade. ... os gêneros apresentariam mudanças,
em sintonia com o sistema da literatura, a conjuntura social e os valores de
cada cultura. (p.19)
— ... Roman
Jakobson, ... identifica o literário como o predomínio da função poética sobre
as demais ... acrescenta que abaixo da função poética dominante, estaria, na
épica, a função referencial ... na lírica ... se situaria a função emotiva, e
na dramática ... se localizaria a função conativa. (p.18)
— ... na
primeira metade do século XX a idéia da existência de “formas naturais” ...
Essas formas naturais seriam o épos,
a lírica e o drama. ... André Jolles, ... distinguir nove formas simples:
(p.18)
— Emil Staiger
... / ... traços estilísticos líricos, épicos ou dramáticos podem ou não estar
presentes em um texto, independentemente do gênero. ... nenhuma obra é
totalmente lírica, épica ou dramática, (p.18/19)
— Northrop Frye,
... acrescentando ... um quarto gênero: a ficção, ... No drama, haveria um
confronto direto entre as personagens ... e o público, ... no épos, o autor defronta-se diretamente
com a audiência ... na lírica, a forma ... “eu-tu” é o princípio de
apresentação ... Quatro são ... as modalidades da ficção: o romanesco (romance), o romance (novel), a forma confessional e a sátira
menipéia (p.19)
— ... o discurso
literário ... se distingue dos demais porque, ... exige do leitor sua entrada
ativa, (p.20)
— Hans Robert
Jauss, ... toda obra está vinculada a um conjunto de informações e a uma
situação especial de apreensão e, por isso, pertence a um gênero, (p.20)
— ... nunca se
deve descrever um gênero aprioristicamente, (p.21)
— Os traços dos
gêneros estão em constante transformação; (p.21)
— A teoria dos
gêneros ... nunca deve ser usada para valorização e julgamento da obra. (p.22)
— ... na
antigüidade, ... outro tipo de composição, ... acompanhada pela flauta e pela
lira, surgia voltada para a expressão de sentimentos mais individualizados, ...
eram os cantos líricos ... Ao passar da forma somente cantada para a escrita,
nesta se conservariam recursos que aproximariam música e palavra: as repetições
de estrofes, de ritmos, de versos (refrão), de palavras, de sílabas, de
fonemas, responsáveis não só pela criação das rimas, mas de todas as imagens
que põem em tensão o som e o sentido das palavras. (p.24)
— ... traços
líricos, a fusão entre o sujeito e o
objeto, (p.24)
— ... o sujeito lírico se faz perceptível, não
só quando indicado pela primeira pessoa, mas também porque projetado nos
arranjos especiais da linguagem. (p.24/25)
— A emoção lírica é favorecida ainda pelo predomínio da coordenação (p.25)
— O caráter emocional dos versos
intensifica-se pela musicalidade que,
... decorre do tratamento melodioso e paralelístico das rimas, do ritmo e das
estrofes. (p.25)
— O emprego do enjamberment ... remete-nos para um
transbordamento emocional, ... pode ... acontecer, ... que se utilize o incompleto como uma das formas de se
privilegiar a emoção. (p.25)
— No texto
lírico, os recursos sonoros e de
significação se aliam de tal forma, que se cria uma unidade. (p.26)
— ... o eu
lírico ganha sempre forma no modo especial de construção do poema (p.26)
— ... ele se
configura e existe diferentemente em cada texto, dirigindo-nos a recepção
(p.26)
— ... não se
confunde com a pessoa do poeta (o eu biográfico) (p.26)
— ... o lirismo
moderno, de conteúdo explicitamente social (p.26)
— É comum, nessa
lírica ... a substituição gramatical da primeira pela terceira pessoa. ... Aí
evidencia-se a tensão entre o individual e o coletivo, (p.26)
— E tudo isso é
lírico ... porque filtrado pela emoção, porque construído por uma razão apaixonada,
que aproxima sujeito e objeto. (p.28)
— ... a
linguagem, ... é sempre transmissora de conceitos e une, ... sujeito e
sociedade. A lírica faz da linguagem o meio pelo qual ela age sobre os outors e
não apenas sobre o poeta (p.29)
— ...
destacam-se, na lírica moderna, os chamados metapoemas, que visam a uma
dessacralização da linguagem e do fazer poéticos. (p.29)
— Também
intensificada vem sendo a vertente erótica da lírica, (p.29)
— ... traços
líricos podem aparecer em textos épicos ... na fala de personagens de um drama,
ou mesmo em passagens de diferentes espécies narrativas, (p.29)
— A origem da
balada é folclórica e surge literariamente com os povos germânicos da Idade
Média. ... se desenvolve em torno de um único episódio,(p.30)
— Canção — latim cantione
... genericamente designa toda composição poética destinada ao canto. ...
distinguem-se três tipos: a trovadoresca ...
a clássica ... a romântica ou moderna, (p.31)
— Elegia — grego elegeía,
cantos de luto e tristeza. (p 32)
— Haicai — japonês haiku,
versos cômicos; haikai, poemas
cômicos —, poema japonês caracterizado pela brevidade, ... o haikai inspira-se
nas estações do ano.(p.33)
— Ode — grego oidê,
canto. Originariamente consistia num poema destinado ao canto, ... De acordo
com o modelo clássico, as odes classificam-se em: pindáricas ... sacras ... filosóficas ... Há ainda as odes sáficas ... anacreônticas ... báquicas (p34/35)
— ... com o
Romantismo a ode liberta-se das regras clássicas, e modernamente ela conserva
apenas o estilo solene e grave, próximo da poesia épica. (p.35)
— Soneto — italiano sonetto, do provençal sonet,
de son, melodia, canção ... esquema
... tem variado no decorrer dos tempos. Ao apresentar-se com dois quartetos e
dois tercetos, o soneto é denominado petrarquano, ... Quando estruturado em
três quadras e um dístico, com o esquema de romas ABAB/CDCD/EFEF/GG, chama-se
soneto inglês ou Shakespeariano, ... o soneto spencerista, ... se constrói em
três quadras e um dístico, com um esquema de rimas que entrelaça as três
quadras: ABAB/BCBC/CDCD/EE. (p.36)
— ... a epopéia
uma longa narrativa literária de caráter
heróico, grandioso e de interesse nacional e social, ela apresenta, ... uma
atmosfera maravilhosa que, em torno
de acontecimentos históricos passados,
reúne mitos, heróis e deuses, podendo se apresentar em prosa ... ou em verso
(p.39)
— ... a composição épica deve fazer-se por adição,
justapondo-se, em pequena ou grande escala, trechos independentes, que evoluem progressivamente, sem uma
preocupação imediata com o fim. (p.41)
— ... a
coordenação é o processo sintático mais apropriado para reuni-las. (p.41)
— A plasticidade, relacionada à atração
épica pela claridade e ao desejo de captação do mundo exterior pelo olhar, é
outra característica do gênero. (p.41)
— A epopéia ...
não se manteve em nossa época, que se caracteriza sobretudo pelo individualismo
e pelo investimento nos domínios do inconsciente humano. (p.42)
— O romance vem
a ser a forma narrativa que, embora sem nenhuma relação genérica com a epopéia
... a ela equivale nos tempos modernos. E, ... volta-se para o homem como
indivíduo. (p.42)
— ... essa forma
narrativa aparece na idade média, ... É, ... em D. Quixote, de Cervantes, que podemos localizar o nascimento da
narrativa moderna (p.42)
— Em qualquer
dessas formas, ... o enredo, as personagens, o espaço, o tempo, o ponto de
vista da narrativa constituem os elementos estruturadores do romance. (p.43)
— ... o enredo ... só adquire existência através do
discurso narrativo, isto é, do modo especial com que se organizam os
acontecimentos. (p.43)
— ... fábula, ou seja, dos acontecimentos
considerados em si mesmos, ... trama,
isto é, dos acontecimentos na ordem e na forma em que se apresentam no texto
narrativo. (p.43)
— ... tema, entendido como idéia comum, que
constrói um sentido pela união dos elementos mínimos da obra, chamados motivos. (p.43)
— ... história seria a realidade evocada, que se poderia transmitir por outras
modalidades, ... discurso diria
respeito ao modo como os acontecimentos são transmitidos ao leitor. ... narração, ou seja, o discurso ... da diegese (a realidade definida e representada pela narração, ... a diegese ou a fábula ... categorias
literárias, não existindo antes da obra na forma como a deduzimos do discurso
narrativo. A diegese de um romance não é igual à de um filme extraído desse
romance. (p.43/44)
— ... o romance
apresenta... descrições, ... que assumem, muitas vezes, uma função diegética
importante, (p.44)
— Até o século
XIX, ... o romance ... princípio, meio e fim ... apresentação ... complicação ... clímax, ... epílogo, ... deste
tipo de narrativa, conhecida como romance
fechado. ... no chamado romance
aberto desaparecem aqueles limites (p.45)
— As personagens
funcionam, segundo o teórico francês Roland Barthes, como agentes da narrativa.
(p.46)
— Embora alguns
críticos venham insistindo na conceituação da personagem como um “ser de papel”
... ela guarda sempre, em sua ficcionalidade, uma dimensão psicológica, moral e
sociológica. ... tomando-a, ... propôs Greimas, ... como ator, que pode ser analisado como sujeito, objeto, destinador,
destinatário, opositor ou adjuvante (categoria da sintagmática narrativa que o
estruturalista francês denomina “actantes”) (p.46)
— ...narrador e o narratário ...o primeiro ... é já uma criação ... portanto,
elemento de ficção ... o segundo ... o receptor da narrativa ... o narratário
se identifica com o leitor virtual. (p.46)
— De acordo com
... Gérard Genette, quando o narratário não é identificado na narrativa,
podemos denominá-lo como narratário
extradiegético. (p.46/47)
— Quando o
narratário participa da narrativa como personagem concreta ... podemos
denominá-lo como narratário
intradiegético. (p.47)
— ... narrador
... se participa da história narrada sob a forma de um “eu” (narr5ador
homodiegético) ... pode se o protagonista, ... narrador autodiegético, ou ... personagem secundária. ... pode ser
... um observador, ... se está ausente da história narrada (narrador heterodiegético) ...
onisciente, ... conhecendo os sentimentos mais internos das personagens. (p.47)
— ... personagem
principal (protagonista ou herói) e personagens secundárias (comparsas), ...
havendo ... casos em que mais de uma personagem se projeta como centro dos
acontecimentos ... O protagonista, ... terá sempre uma forte atuação durante
toda a trama. (p.47)
— As personagens
... segundo E. M. Forster, podem ser caracterizadas apenas por um traço básico
e comportar-se sempre da mesma maneira (personagens
planas ou desenhadas, ...) ou
podem Ter seu retrato e sua atuação completamente modificados no decorrer da
narrativa ( personagens redondas ou modeladas) ... não raramente, a mesma
personagem apresenta ora aspectos que a individualizam, ora os que a mostram
como representante típica de uma classe (p.49)
— Podem ser
considerados ainda como personagens de um romance quaisquer elementos ... aos
quais se atribua uma personificação. (p.49)
— Toda narrativa
desenrola-se dentro de um fluxo do tempo, tanto no plano da diegese, quanto no
do discurso (p.49)
— São
indicadores textuais do tempo da diegese as referências a dias, meses, horas,
anos, ao ritmo das estações ou a uma determinada época. (p.50)
— É impossível
uma coincidência perfeita entre o desenrolar cronológico da diegese e a
sucessão, no discurso, dos acontecimentos. Ao desencontro entre esses dois
tempos, Genette chamou anacronias.
... flashback (na nomenclatura de Genette:
analepse) (p.50)
— Quando ... uma
antecipação, ... no plano da diegese, a denominamos prolepse. (p.50)
— ... anisocronias, isto é, diferenças de
duração entre os dois referidos tempos, ... Os resumos, as elipses ... aceleram a narrativa, ... as descrições ... e as digressões ... retardem a narrativa
(p.50/51)
— ... o tempo psicológico ... Pode-se, ...
narrar em muitas páginas o que tenha ocorrido em poucos minutos, ... um dos
recursos bastante utilizados ... é o monólogo
interior. ... Estaria ... próximo ao que, em psicologia, denomina-se fluxo de consciência. É, portanto, um
monólogo não pronunciado, ... muitas vezes, constitui-se como um discurso
desordenado, (p.51)
— (espaço)
Também denominado ambiente, cenário ou localização é o conjunto de elementos da
paisagem exterior (espaço físico) ou
interior (espaço psicológico) onde se
situam as ações das personagens. ... influencia diretamente no desenvolvimento
do enredo, unindo-se ao tempo. (p.51/52)
— Por ponto de
vista, foco narrativo ou focalização, entendemos a relação entre o narrador e o
universo diegético e ainda entre o narrador e o narratário. (p.52)
— Jean Pouillon
distinguiu ... a visão “por trás”, ... o narrador conhece tudo sobre as
personagens ... a visão “com”, ... o narrador sabe tanto quanto a personagem; a
visão “de fora”, quando o narrador se limita ao que se vê, (p.52)
— ... Focalização heterodiegética ... o
narrador não é um dos atores ... Na focalização homodiegética, o narrador pode
ser o protagonista ... caso em que recebe o nome de focalização autodiegética ... ou pode ser uma personagem
secundária, (p.53)
— ... Focalização interna ... o narrador
apresenta ... interioridade das personagens ... focalização externa ... o narrador apresenta somente o que aparece
(p.53)
— ... Focalização onisciente ... o narrador
conhece tudo ... focalização restritiva ...
o narrador se atém ao que determinadas personagens vêem e sabem (p.53)
— ... Focalização interventiva ... o narrador
intervém com comentários ... focalização
neutral sem ... intervenção ... o que se terna praticamente impossível
(p.53)
— Em uma
narrativa podemos detectar várias dessas modalidades de focalização ou ... o
que Todorov chamou de focalização
estereoscópica (p.53)
— ... são também
fatores de eficácia ideológica da obra os tipos escolhidos de focalização.
(p.54)
— (conto) É a
designação da forma narrativa de menor extensão (p.54)
— ... o conto
... uma amostragem ... um flagrante ou instantâneo (p.54)
— Quanto mais
concentrado, mais se caracteriza como arte de sugestão, ... Embora possuindo os
mesmos componentes do romance ... o conto elimina as análises minuciosas,
complicações no enredo e delimita fortemente o tempo e o espaço. (p.54)
— ... pela
pequena extensão, se sobressai o caráter poético geralmente atribuído a essa
forma narrativa (p.55)
— Não devemos
confundir o conto literário com o popular, foclórico ou fantástico, ... Estes,
... fazem parte do que André Jolles chamou de “formas simples”. (p.55)
— (novela) É a
forma narrativa intermediária, em extensão, entre o conto e o romance. ... Por
esse sentido de economia constrói-se um eredo unilinear, ... clímax e desfecho
coincidem na novela autenticamente estruturada. (p.55)
— O predomínio
da ação ... dá à novela uma feição dramática, ... o conto, se aproxima da
poesia. (p.56)
— ... ela pouco
se diferencia do romance; ... porque muito perdeu ele, em extensão, nestes
tempos televisivos. (p.56)
— Auto é uma modalidade do gênero dramático ligada aos mist’rios e
às moralidades (p.58)
— A designação
de farsa era dada às peças de assunto
profano. (p.59)
— ... (drama vem
do verbo grego dráo = fazer), é ação. ... o mundo nele representado ...
apresenta-se como se existisse por si mesmo, sem a interferência de um narrador. ... tudo se projeta para o
final, através da manutenção de uma forte expectativa,
que desemboca na desfecho ou solução. (p.59)
— ... cada parte
de uma peça dramática se liga a outras, de tal forma que é sempre consequência
da anterior e causa da seguinte. (p.59)
— O diálogo ... é a forma própria para que
as personagens ajam sem qualquer mediação, (p.59)
— ... Emil
Staiger, o dramático reúne o phatos e
o problema. ... phatos ... o tom da linguagem que comove, ... problema seria a
proposição, ... As perguntas do problema vão sendo respondidas pela força
progressiva do phatos que, eliminando
as distâncias entre ator e expectador, leva este, obrigatoriamente, à simpatia.
(p.59/60)
— ...
características divergente ... aristotélica, ... ao invés de envolver a
assistência emocionadamente na ação cênica, a mantém distanciada, (p.60)
— (tragédia) É
uma forma dramática surgida no século V a.C. (p.60)
— ...
Aristóteles conceitua a tragédia como a mímesis
de uma ação de caráter elevado ... tendo por finalidade suscitar terror e
piedade e obter a catarse (libertação) dessas emoções. (p.60/61)
— Aristóteles
distinguiu seis partes na tragédia: a fábula,
os caracteres, a evolução, o pensamento, o espetáculo e
o canto. ... fábula ... se estrutura
pela subordinação entre as partes (p.61)
— ...
Aristóteles. Segundo ele, essa forma dramática (comédia) se volta para os
homens de mais fraca psique (p.62)
— Na comédia, a
tensão Própria do gênero dramático é extravasada com o riso. (p.62)
— Alguns
teóricos acentuam, na comédia, o sentido do insólito, do imprevisível ou da
surpresa, (p.62)
— A palavra
drama se emprega: ... o gênero dramático em geral; ... sinônimo de peça
teatral; ... hibridismo da tragédia com a comédia. (p.63)
— ... Victo
Hugo, ... apresenta o drama romântico como resultado da fusão entre o grotesco
e o sublime, (p.63)
— cotemporaneamente
chamamos de drama, ... à peça teatral construída com base em tensões sociais ou
individuais, )p.63)
— ... tragicomédia (peça que mesclava o cômico e o
trágico, ...) ... melodrama (peça
que, explorando um sentimento exagerado, (p.63/64)
— (crônica) No
início da era cristã, ... relação de acontecimentos organizada cronológicamente,
... após o século XII, ... apresentava uma perspectiva individual da história,
... no século XIV. As simples relações de fatos ... no século XVI, o termo ...
começa a ser substituído por história. (p.64P
— ... século
XIX, ... ao seu tempo, a crônica ... um registro poético e ... irônico, ...
Polimórfica, ... E, enquanto literatura, ela capta poeticamente o instante,
perenizando-o (p.64)
— conscientemente
fragmentária ... vem se impondo nos quadros da literatura brasileira, (p.65)
— (ensaio) Tal
qual a crônica, ... forma fronteiriça (p.65)
— A etimologia
da palavra ensaio aponta para
“tentativa”, “inacabamento” e “experiência”. ... se inscrevem hoje textos
tão conclusivos ... que ensaiar já
não é apenas tentar ou experimentar (p.65)
— Nele se
traduzia diretamente o pensamento em palavras, (p.65)
— ... Montagne
... o primeiro a conceituá-lo ... já na antigüidade, a presença de grandes
ensaístas, ... Aristóteles ... e Platão, (p.65/66)
— ... ensaio se
reveste hoje de características literárias. ... ele se localiza também em um
território limítrofe entre o literário e o não literário. ... ele não abre mão:
de seu caráter crítico, ... faz da expressão da verdade a verdade da
expressão.(p.66)
— ... o escritor
romântico propõe e pratica uma ruptura dos paradigmas clássicos dos gêneros
literários, os movimentos de vanguarda ... levam essa ruptura às últimas
conseqüências, (p.71)
— ... Mikhail
Bakhtin ... a carnavalização identifica-se pela inversão de valores, pela
subversão cultural, por uma atitude de dessacralização, ou seja, pela
apresentação do mundo às avessas. (p.72)
— (dialogismo ou
intertextualidade)... a escrita em que se lê o “outro”, ... a imagem original
se reflete invertida ou reduzida, (p.72)
— (paródia) ...
um texto é constituído com outros textos, reconhecendo-se, no novo texto,
aquele que foi parodiado. (p.72)
— O humor, a
sátira, a ironia, a fragmentação deliberada do texto, a alegorização da
realidade são elementos da paródia. (p.73)
— ... a ironia é
uma construção circular que jamais nos permite concluir. (p.73)
— A paródia
implica, ... um trabalho lingüístico, embora o resultado de sua ação atinja não
só os modelos literários, mas também a própria sociedade. (p.74)
— Imprescindível
é que não nos ocupemos, na abordagem de um texto literário, apenas com a
questão dos gêneros, (p.78)
— Desrealização: ... recriação da realidade (p.79)
— Estilística: ... Analisa
relações entre siginificante e significado. (p.79)
— Estruturalismo: corrente
crítica baseada na percepção do texto literário como um... sistema (p.79P
— Formalismo Russo : corrente
crítica surgida na Rússia na década de 1910-1920. (p.79)
— Grotesco: ... Na literatura é o feio, o disforme, o
extravagante. (p.80)
— Ideologia: ... No texto
literário, ... incluindo o que se oculta nas entrelinhas. (p.80)
— New Criticism: ... voltada para
o texto em si. (p.80)
— Picaresca: ... a
narrativa da desordem, da malandragem e do anti-heróico. (p.80)
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