GÊNEROS LITERÁRIOS - Angélica Soares


Explicação: Já li alguns livros na vida. Tenho o hábito de ler livros com uma caneta na mão. Depois de sublinhar o que me chama a atenção no livro, isso quando posso, digito os trechos grifados num fichamento que, até hoje esteve guardado com a intenção de ser apenas um material para a provável (ou não) necessidade de fazer uma revisão. Resolvi publicar esses fichamentos porque podem ser úteis para alguém. São palavras dos outros, mas são minhas porque fui eu quem as selecionou; e o fiz com base no meu próprio julgamento.


GÊNEROS LITERÁRIOS


SOARES, Angélica, Gêneros literários, Série Princípios, Ed. Ática, São Paulo, SP,
            1997

    ... reunir, ... as obras literárias onde a realidade aparece de um determinado modo,” (p.7)
    ...gênero ... significa tempo de nascimento, origem, (p.7)
    ... muitos teóricos chegam mesmo a considerar o gênero como categoria imutável ... outros, ... defendem a mistura dos gêneros, (p.7/8)
    Platão ... nos deixou a primeira referência, ... aos gêneros literários: (p.9)
    ... poetas em nada contribuíam para o projeto político de edificação de uma polis ideal. (p.9)
    ... Aristóteles ... A ênfase na diferença entre o mundo empírico e a realidade da arte leva o filósofo a valorizar o trabalho poético e a se voltar para o estudo de seus modos de contribuição, a fim de detectar as diferentes modalidades ou gêneros de poesia: (p.9/10)
    ... todas elas usam o ritmo, a melodia e o verso, ... de forma diferente: a poesia ditirâmbica emprega todos eles simultaneamente, ... a tragédia e a comédia os empregam alternadamente. (p.10)
    ... a tragédia que apresentava homens melhores do que nós, ... e a comédia, ocupando-se dos homens  “piores”  do que nós (p.10)
    ... em Aristóteles, a diferenciação formal dos gêneros está intimamente ligada à preocupação conteudística. (p.10)
    Na arte poética horaciana, ... só pode ser tido como poeta aquele que sabe respeitar o domínio e o tom de cada gênero literário. (p.11)
    ... uma referência importante aos gêneros é feita por Dante ... que, ... classifica o estilo em nobre, médio e humilde, (p.11/12)
    ... a teoria dos gêneros passa a constituir-se como normas e preceitos a serem seguidos rigidamente, (p.12)
    ... acrescenta-se um terceiro gênero, a poesia lírica, (p.12)
    Nicolas Boileau-Despréaux ... localiza todo o brilho do valor da arte na razão, (p.13)
    Mantém-se a noção de gênero literário defendida pelo horacianismo da Ranascença: (p.13)
    No século XVII, à chamada “Querela dos antigos e modernos”. (p.13)
    É na Segunda metade do século XVIII, ... que as idéias de historicidade e conseqüente variabilidade dos gêneros ganham força maior. (p.13)
    A concepção do poeta como um gênio, ... leva à valorização da individualidade e da autonomia de cada obra, (p.13)
    A liberdade de criação permanece como bandeira dos românticos ... Friedrich Schilegel ... da fantasia dos poeta não podia resultar obras caóticas, (p.14)
    Victor Hugo, ... faz a defesa do hibridismo dos gêneros, (p.14)
    Da mistura dos gêneros resultariam, por exemplo, tragicomédias ou romances líricos. (p.14)
    Brunetière ... defende a idéia de que uma diferenciação e uma evolução dos gêneros literários se dão historicamente, como nas espécies naturais, (p.15)
    Brunetière mantinha a posição normativa, segundo a qual os gêneros eram vistos como entidades existentes em si, ... com o que se deixava de lado a investigação do que era especificamente literário. (p.15)
    Benetto Croce ... opôs-se ... Brunetière, (p.15)
    Segundo Croce, todo conhecimento ou é intuitivo ou lógico, (p.15)
    Croce recusa a sujeição da criação poética (de imagens) à realidade. ... entendia a obra literária como individualidade, (p.15/16)
    ... a estética crociana nega a substancialidade dos gêneros, mas admite a sua instrumentalidade para a construção da história literária, cultural e social. ... o conceito de gênero deveria ser entendido sempre como um elemento extrínseco à essência da poesia, ... E, ...não poderia servir de base a qualquer critério de julgamento da obra. (p.16)
    ... não falta, entre os teóricos contemporâneos, uma repercução do pensamento de Croce: ... Vossler, ... nas proposições do New criticism de Allan Tate; e ... a teoria do estranhamento de Chklovski. (p16/17)
    ... Tynianov ... volta o movimento formalista para a questão da história literária, propondo uma aproximação entre a série literária e a não-literária e introduzindo os princípios de “função”, de “sistema” e de “dominante”. ... reintroduz-se a idéia de gênero como um fenômeno dinâmico, ... Tynianov caracterizava a literatura como uma constante função histórica. (p.17)
    Tomachevski, ... consideraria como traços dos gêneros um grupamento em torno de procedimentos perceptíveis. ... embora houvesse outros procedimentos necessários à criação do conjunto artístico. ... é possivel estabelecer classificação lógica ou fechada dos gêneros, porque sua dimensão é sempre histórica. ... limitava o dinamismo dos gêneros ... às propriedades que, ... transformavam um texto em obra literária. (p.17)
    ... Bakhtin se voltaria para ... a percepção. ... as expectativas do receptor, ... a maneira como a obra literária capta a realidade. ... os gêneros apresentariam mudanças, em sintonia com o sistema da literatura, a conjuntura social e os valores de cada cultura. (p.19)
    ... Roman Jakobson, ... identifica o literário como o predomínio da função poética sobre as demais ... acrescenta que abaixo da função poética dominante, estaria, na épica, a função referencial ... na lírica ... se situaria a função emotiva, e na dramática ... se localizaria a função conativa. (p.18)
    ... na primeira metade do século XX a idéia da existência de “formas naturais” ... Essas formas naturais seriam o épos, a lírica e o drama. ... André Jolles, ... distinguir nove formas simples: (p.18)
    Emil Staiger ... / ... traços estilísticos líricos, épicos ou dramáticos podem ou não estar presentes em um texto, independentemente do gênero. ... nenhuma obra é totalmente lírica, épica ou dramática, (p.18/19)
    Northrop Frye, ... acrescentando ... um quarto gênero: a ficção, ... No drama, haveria um confronto direto entre as personagens ... e o público, ... no épos, o autor defronta-se diretamente com a audiência ... na lírica, a forma ... “eu-tu” é o princípio de apresentação ... Quatro são ... as modalidades da ficção: o romanesco (romance), o romance (novel), a forma confessional e a sátira menipéia (p.19)
    ... o discurso literário ... se distingue dos demais porque, ... exige do leitor sua entrada ativa, (p.20)
    Hans Robert Jauss, ... toda obra está vinculada a um conjunto de informações e a uma situação especial de apreensão e, por isso, pertence a um gênero, (p.20)
    ... nunca se deve descrever um gênero aprioristicamente, (p.21)
    Os traços dos gêneros estão em constante transformação; (p.21)
    A teoria dos gêneros ... nunca deve ser usada para valorização e julgamento da obra. (p.22)
    ... na antigüidade, ... outro tipo de composição, ... acompanhada pela flauta e pela lira, surgia voltada para a expressão de sentimentos mais individualizados, ... eram os cantos líricos ... Ao passar da forma somente cantada para a escrita, nesta se conservariam recursos que aproximariam música e palavra: as repetições de estrofes, de ritmos, de versos (refrão), de palavras, de sílabas, de fonemas, responsáveis não só pela criação das rimas, mas de todas as imagens que põem em tensão o som e o sentido das palavras. (p.24)
    ... traços líricos, a fusão entre o sujeito e o objeto, (p.24)
    ... o sujeito lírico se faz perceptível, não só quando indicado pela primeira pessoa, mas também porque projetado nos arranjos especiais da linguagem. (p.24/25)
    A emoção lírica é favorecida ainda pelo predomínio da coordenação (p.25)
    O caráter emocional dos versos intensifica-se pela musicalidade que, ... decorre do tratamento melodioso e paralelístico das rimas, do ritmo e das estrofes. (p.25)
    O emprego do enjamberment ... remete-nos para um transbordamento emocional, ... pode ... acontecer, ... que se utilize o incompleto como uma das formas de se privilegiar a emoção. (p.25)
    No texto lírico, os recursos sonoros e de significação se aliam de tal forma, que se cria uma unidade. (p.26)
    ... o eu lírico ganha sempre forma no modo especial de construção do poema (p.26)
    ... ele se configura e existe diferentemente em cada texto, dirigindo-nos a recepção (p.26)
    ... não se confunde com a pessoa do poeta (o eu biográfico) (p.26)
    ... o lirismo moderno, de conteúdo explicitamente social (p.26)
    É comum, nessa lírica ... a substituição gramatical da primeira pela terceira pessoa. ... Aí evidencia-se a tensão entre o individual e o coletivo, (p.26)
    E tudo isso é lírico ... porque filtrado pela emoção, porque construído por uma razão apaixonada, que aproxima sujeito e objeto. (p.28)
    ... a linguagem, ... é sempre transmissora de conceitos e une, ... sujeito e sociedade. A lírica faz da linguagem o meio pelo qual ela age sobre os outors e não apenas sobre o poeta (p.29)
    ... destacam-se, na lírica moderna, os chamados metapoemas, que visam a uma dessacralização da linguagem e do fazer poéticos. (p.29)
    Também intensificada vem sendo a vertente erótica da lírica, (p.29)
    ... traços líricos podem aparecer em textos épicos ... na fala de personagens de um drama, ou mesmo em passagens de diferentes espécies narrativas, (p.29)
    A origem da balada é folclórica e surge literariamente com os povos germânicos da Idade Média. ... se desenvolve em torno de um único episódio,(p.30)
    Canção — latim cantione ... genericamente designa toda composição poética destinada ao canto. ... distinguem-se três tipos: a trovadoresca ... a clássica ... a romântica ou moderna, (p.31)
    Elegia — grego elegeía, cantos de luto e tristeza. (p 32)
    Haicai — japonês haiku, versos cômicos; haikai, poemas cômicos —, poema japonês caracterizado pela brevidade, ... o haikai inspira-se nas estações do ano.(p.33)
    Ode — grego oidê, canto. Originariamente consistia num poema destinado ao canto, ... De acordo com o modelo clássico, as odes classificam-se em: pindáricas ... sacras ... filosóficas ... Há ainda as odes sáficas ... anacreônticas ... báquicas (p34/35)
    ... com o Romantismo a ode liberta-se das regras clássicas, e modernamente ela conserva apenas o estilo solene e grave, próximo da poesia épica. (p.35)
    Soneto — italiano sonetto, do provençal sonet, de son, melodia, canção ... esquema ... tem variado no decorrer dos tempos. Ao apresentar-se com dois quartetos e dois tercetos, o soneto é denominado petrarquano, ... Quando estruturado em três quadras e um dístico, com o esquema de romas ABAB/CDCD/EFEF/GG, chama-se soneto inglês ou Shakespeariano, ... o soneto spencerista, ... se constrói em três quadras e um dístico, com um esquema de rimas que entrelaça as três quadras: ABAB/BCBC/CDCD/EE. (p.36)
    ... a epopéia uma longa narrativa literária de caráter heróico, grandioso e de interesse nacional e social, ela apresenta, ... uma atmosfera maravilhosa que, em torno de acontecimentos históricos passados, reúne mitos, heróis e deuses, podendo se apresentar em prosa ... ou em verso (p.39)
    ... a composição épica deve fazer-se por adição, justapondo-se, em pequena ou grande escala, trechos independentes, que evoluem progressivamente, sem uma preocupação imediata com o fim. (p.41)
    ... a coordenação é o processo sintático mais apropriado para reuni-las. (p.41)
    A plasticidade, relacionada à atração épica pela claridade e ao desejo de captação do mundo exterior pelo olhar, é outra característica do gênero. (p.41)
    A epopéia ... não se manteve em nossa época, que se caracteriza sobretudo pelo individualismo e pelo investimento nos domínios do inconsciente humano. (p.42)
    O romance vem a ser a forma narrativa que, embora sem nenhuma relação genérica com a epopéia ... a ela equivale nos tempos modernos. E, ... volta-se para o homem como indivíduo. (p.42)
    ... essa forma narrativa aparece na idade média, ... É, ... em D. Quixote, de Cervantes, que podemos localizar o nascimento da narrativa moderna (p.42)
    Em qualquer dessas formas, ... o enredo, as personagens, o espaço, o tempo, o ponto de vista da narrativa constituem os elementos estruturadores do romance. (p.43)
    ... o enredo ... só adquire existência através do discurso narrativo, isto é, do modo especial com que se organizam os acontecimentos. (p.43)
    ... fábula, ou seja, dos acontecimentos considerados em si mesmos, ... trama, isto é, dos acontecimentos na ordem e na forma em que se apresentam no texto narrativo. (p.43)
    ... tema, entendido como idéia comum, que constrói um sentido pela união dos elementos mínimos da obra, chamados motivos. (p.43)
    ... história seria a realidade evocada,  que se poderia transmitir por outras modalidades, ... discurso diria respeito ao modo como os acontecimentos são transmitidos ao leitor. ... narração, ou seja, o discurso ... da diegese (a realidade definida e representada pela narração, ... a diegese ou a fábula ... categorias literárias, não existindo antes da obra na forma como a deduzimos do discurso narrativo. A diegese de um romance não é igual à de um filme extraído desse romance. (p.43/44)
    ... o romance apresenta... descrições, ... que assumem, muitas vezes, uma função diegética importante, (p.44)
    Até o século XIX, ... o romance ... princípio, meio e fim ... apresentação ... complicação ... clímax, ... epílogo, ... deste tipo de narrativa, conhecida como romance fechado. ... no chamado romance aberto desaparecem aqueles limites (p.45)
    As personagens funcionam, segundo o teórico francês Roland Barthes, como agentes da narrativa. (p.46)
    Embora alguns críticos venham insistindo na conceituação da personagem como um “ser de papel” ... ela guarda sempre, em sua ficcionalidade, uma dimensão psicológica, moral e sociológica. ... tomando-a, ... propôs Greimas, ... como ator, que pode ser analisado como sujeito, objeto, destinador, destinatário, opositor ou adjuvante (categoria da sintagmática narrativa que o estruturalista francês denomina “actantes”) (p.46)
    ...narrador e o narratário ...o primeiro ... é já uma criação ... portanto, elemento de ficção ... o segundo ... o receptor da narrativa ... o narratário se identifica com o leitor virtual. (p.46)
    De acordo com ... Gérard Genette, quando o narratário não é identificado na narrativa, podemos denominá-lo como narratário extradiegético. (p.46/47)
    Quando o narratário participa da narrativa como personagem concreta ... podemos denominá-lo como narratário intradiegético. (p.47)
    ... narrador ... se participa da história narrada sob a forma de um “eu” (narr5ador homodiegético) ... pode se o protagonista, ... narrador autodiegético, ou ... personagem secundária. ... pode ser ... um observador, ... se está ausente da história narrada (narrador heterodiegético) ... onisciente, ... conhecendo os sentimentos mais internos das personagens. (p.47)
    ... personagem principal (protagonista ou herói) e personagens secundárias (comparsas), ... havendo ... casos em que mais de uma personagem se projeta como centro dos acontecimentos ... O protagonista, ... terá sempre uma forte atuação durante toda a trama. (p.47)
    As personagens ... segundo E. M. Forster, podem ser caracterizadas apenas por um traço básico e comportar-se sempre da mesma maneira (personagens planas ou desenhadas, ...) ou podem Ter seu retrato e sua atuação completamente modificados no decorrer da narrativa ( personagens redondas ou modeladas) ... não raramente, a mesma personagem apresenta ora aspectos que a individualizam, ora os que a mostram como representante típica de uma classe (p.49)
    Podem ser considerados ainda como personagens de um romance quaisquer elementos ... aos quais se atribua uma personificação. (p.49)
    Toda narrativa desenrola-se dentro de um fluxo do tempo, tanto no plano da diegese, quanto no do discurso (p.49)
    São indicadores textuais do tempo da diegese as referências a dias, meses, horas, anos, ao ritmo das estações ou a uma determinada época. (p.50)
    É impossível uma coincidência perfeita entre o desenrolar cronológico da diegese e a sucessão, no discurso, dos acontecimentos. Ao desencontro entre esses dois tempos, Genette chamou anacronias. ... flashback (na nomenclatura de Genette: analepse) (p.50)
    Quando ... uma antecipação, ... no plano da diegese, a denominamos prolepse. (p.50)
    ... anisocronias, isto é, diferenças de duração entre os dois referidos tempos, ... Os resumos, as elipses ... aceleram a narrativa, ... as descrições ... e as digressões ... retardem a narrativa (p.50/51)
    ... o tempo psicológico ... Pode-se, ... narrar em muitas páginas o que tenha ocorrido em poucos minutos, ... um dos recursos bastante utilizados ... é o monólogo interior. ... Estaria ... próximo ao que, em psicologia, denomina-se fluxo de consciência. É, portanto, um monólogo não pronunciado, ... muitas vezes, constitui-se como um discurso desordenado, (p.51)
    (espaço) Também denominado ambiente, cenário ou localização é o conjunto de elementos da paisagem exterior (espaço físico) ou interior (espaço psicológico) onde se situam as ações das personagens. ... influencia diretamente no desenvolvimento do enredo, unindo-se ao tempo. (p.51/52)
    Por ponto de vista, foco narrativo ou focalização, entendemos a relação entre o narrador e o universo diegético e ainda entre o narrador e o narratário. (p.52)
    Jean Pouillon distinguiu ... a visão “por trás”, ... o narrador conhece tudo sobre as personagens ... a visão “com”, ... o narrador sabe tanto quanto a personagem; a visão “de fora”, quando o narrador se limita ao que se vê, (p.52)
    ... Focalização heterodiegética ... o narrador não é um dos atores ... Na focalização homodiegética, o narrador pode ser o protagonista ... caso em que recebe o nome de focalização autodiegética ... ou pode ser uma personagem secundária, (p.53)
    ... Focalização interna ... o narrador apresenta ... interioridade das personagens ... focalização externa ... o narrador apresenta somente o que aparece (p.53)
    ... Focalização onisciente ... o narrador conhece tudo ... focalização restritiva ... o narrador se atém ao que determinadas personagens vêem e sabem (p.53)
    ... Focalização interventiva ... o narrador intervém com comentários ... focalização neutral sem ... intervenção ... o que se terna praticamente impossível (p.53)
    Em uma narrativa podemos detectar várias dessas modalidades de focalização ou ... o que Todorov chamou de focalização estereoscópica (p.53)
    ... são também fatores de eficácia ideológica da obra os tipos escolhidos de focalização. (p.54)
    (conto) É a designação da forma narrativa de menor extensão (p.54)
    ... o conto ... uma amostragem ... um flagrante ou instantâneo (p.54)
    Quanto mais concentrado, mais se caracteriza como arte de sugestão, ... Embora possuindo os mesmos componentes do romance ... o conto elimina as análises minuciosas, complicações no enredo e delimita fortemente o tempo e o espaço. (p.54)
    ... pela pequena extensão, se sobressai o caráter poético geralmente atribuído a essa forma narrativa (p.55)
    Não devemos confundir o conto literário com o popular, foclórico ou fantástico, ... Estes, ... fazem parte do que André Jolles chamou de “formas simples”. (p.55)
    (novela) É a forma narrativa intermediária, em extensão, entre o conto e o romance. ... Por esse sentido de economia constrói-se um eredo unilinear, ... clímax e desfecho coincidem na novela autenticamente estruturada. (p.55)
    O predomínio da ação ... dá à novela uma feição dramática, ... o conto, se aproxima da poesia. (p.56)
    ... ela pouco se diferencia do romance; ... porque muito perdeu ele, em extensão, nestes tempos televisivos. (p.56)
    Auto é uma modalidade do gênero dramático ligada aos mist’rios e às moralidades (p.58)
    A designação de farsa era dada às peças de assunto profano. (p.59)
    ... (drama vem do verbo grego dráo = fazer), é ação. ... o mundo nele representado ... apresenta-se como se existisse por si mesmo, sem a interferência de um narrador. ... tudo se projeta para o final, através da manutenção de uma forte expectativa, que desemboca na desfecho ou solução. (p.59)
    ... cada parte de uma peça dramática se liga a outras, de tal forma que é sempre consequência da anterior e causa da seguinte. (p.59)
    O diálogo ... é a forma própria para que as personagens ajam sem qualquer mediação, (p.59)
    ... Emil Staiger, o dramático reúne o phatos e o problema. ... phatos ... o tom da linguagem que comove, ... problema seria a proposição, ... As perguntas do problema vão sendo respondidas pela força progressiva do phatos que, eliminando as distâncias entre ator e expectador, leva este, obrigatoriamente, à simpatia. (p.59/60)
    ... características divergente ... aristotélica, ... ao invés de envolver a assistência emocionadamente na ação cênica, a mantém distanciada, (p.60)
    (tragédia) É uma forma dramática surgida no século V a.C. (p.60)
    ... Aristóteles conceitua a tragédia como a mímesis de uma ação de caráter elevado ... tendo por finalidade suscitar terror e piedade e obter a catarse (libertação) dessas emoções. (p.60/61)
    Aristóteles distinguiu seis partes na tragédia: a fábula, os caracteres, a evolução, o pensamento, o espetáculo e o canto. ... fábula ... se estrutura pela subordinação entre as partes (p.61)
    ... Aristóteles. Segundo ele, essa forma dramática (comédia) se volta para os homens de mais fraca psique (p.62)
    Na comédia, a tensão Própria do gênero dramático é extravasada com o riso. (p.62)
    Alguns teóricos acentuam, na comédia, o sentido do insólito, do imprevisível ou da surpresa, (p.62)
    A palavra drama se emprega: ... o gênero dramático em geral; ... sinônimo de peça teatral; ... hibridismo da tragédia com a comédia. (p.63)
    ... Victo Hugo, ... apresenta o drama romântico como resultado da fusão entre o grotesco e o sublime, (p.63)
    cotemporaneamente chamamos de drama, ... à peça teatral construída com base em tensões sociais ou individuais, )p.63)
    ... tragicomédia (peça que mesclava o cômico e o trágico, ...) ... melodrama (peça que, explorando um sentimento exagerado, (p.63/64)
    (crônica) No início da era cristã, ... relação de acontecimentos organizada cronológicamente, ... após o século XII, ... apresentava uma perspectiva individual da história, ... no século XIV. As simples relações de fatos ... no século XVI, o termo ... começa a ser substituído por história. (p.64P
    ... século XIX, ... ao seu tempo, a crônica ... um registro poético e ... irônico, ... Polimórfica, ... E, enquanto literatura, ela capta poeticamente o instante, perenizando-o (p.64)
    conscientemente fragmentária ... vem se impondo nos quadros da literatura brasileira, (p.65)
    (ensaio) Tal qual a crônica, ... forma fronteiriça (p.65)
    A etimologia da palavra ensaio aponta para “tentativa”, “inacabamento”  e  “experiência”. ... se inscrevem hoje textos tão conclusivos ... que ensaiar já não é apenas tentar ou experimentar (p.65)
    Nele se traduzia diretamente o pensamento em palavras, (p.65)
    ... Montagne ... o primeiro a conceituá-lo ... já na antigüidade, a presença de grandes ensaístas, ... Aristóteles ... e Platão, (p.65/66)
    ... ensaio se reveste hoje de características literárias. ... ele se localiza também em um território limítrofe entre o literário e o não literário. ... ele não abre mão: de seu caráter crítico, ... faz da expressão da verdade a verdade da expressão.(p.66)
    ... o escritor romântico propõe e pratica uma ruptura dos paradigmas clássicos dos gêneros literários, os movimentos de vanguarda ... levam essa ruptura às últimas conseqüências, (p.71)
    ... Mikhail Bakhtin ... a carnavalização identifica-se pela inversão de valores, pela subversão cultural, por uma atitude de dessacralização, ou seja, pela apresentação do mundo às avessas. (p.72)
    (dialogismo ou intertextualidade)... a escrita em que se lê o “outro”, ... a imagem original se reflete invertida ou reduzida, (p.72)
    (paródia) ... um texto é constituído com outros textos, reconhecendo-se, no novo texto, aquele que foi parodiado. (p.72)
    O humor, a sátira, a ironia, a fragmentação deliberada do texto, a alegorização da realidade são elementos da paródia. (p.73)
    ... a ironia é uma construção circular que jamais nos permite concluir. (p.73)
    A paródia implica, ... um trabalho lingüístico, embora o resultado de sua ação atinja não só os modelos literários, mas também a própria sociedade. (p.74)
    Imprescindível é que não nos ocupemos, na abordagem de um texto literário, apenas com a questão dos gêneros, (p.78)
    Desrealização: ... recriação da realidade (p.79)
    Estilística: ... Analisa relações entre siginificante e significado. (p.79)
    Estruturalismo: corrente crítica baseada na percepção do texto literário como um... sistema (p.79P
    Formalismo Russo : corrente crítica surgida na Rússia na década de 1910-1920. (p.79)
    Grotesco: ... Na literatura é o feio, o disforme, o extravagante. (p.80)
    Ideologia: ... No texto literário, ... incluindo o que se oculta nas entrelinhas. (p.80)
    New Criticism: ... voltada para o texto em si. (p.80)
    Picaresca: ... a narrativa da desordem, da malandragem e do anti-heróico. (p.80)

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