COMO SE FAZ UMA TESE - Umberto Eco
Umberto
Eco. Editora: Perspectiva. São Paulo.
1998
—
Uma tese consiste num
trabalho datilografado, com extensão média variando entre cem e quatrocentas
laudas, onde o estudante aborda um problema relacionado com o ramo de estudos
em que pretende formar-se. (p.1)
—
Numa tese de
compilação, o estudante apenas demonstra haver compulsado criticamente a maior
parte da “literatura” existente (isto é, das publicações sobre aquele assunto)
e ter sido capaz de expô-la de modo claro, (p.3)
—
...a escolha entre tese
de compilação e tese de pesquisa prende-se à maturidade e à capacidade de
trabalho do candidato. ... e lamentavelmente (...) a fatores econômicos, (p.3)
—
...fazer uma tese que
se torne útil também após a formatura. ... é fazer dela o início de uma
pesquisa mais ampla, que prosseguirá nos anos seguintes, (p.4)
—
...elaborar uma tese
significa: (1) identificar um tema preciso; (2) recolher documentação sobre
ele; (3) pôr em ordem estes documentos; (4) reexaminar em primeira mão o tema à
luz da documentação recolhida; (5) dar forma orgânica a todas as reflexões
precedentes; (6) empenhar-se para que o leitor compreenda o que se quis dizer e
possa, se for o caso, recorrer à mesma documentação a fim de retomar o tema por
conta própria. (p.5)
—
...não importa tanto o tema da tese quanto a experiência de trabalho que
ela comporta. (p.5)
—
Com o tempo,
tornamo-nos mais maduros, vamos conhecendo mais coisas, porém o modo como
trabalhamos nas que sabemos sempre dependerá da maneira com que estudamos no
início muitas coisas que ignorávamos. (p.5)
—
...embora seja melhor
fazer uma tese sobre um tema que nos agrade, ele é secundário com respeito ao
método de trabalho e à experiência daí advinda. (p.5)
—
...as regras para a
escolha do tema são quatro:
1) Que o tema
responda aos interesses do candidato
2) Que as
fontes de consulta sejam acessíveis,
3) Que as
fontes de consulta sejam manejáveis,
4) Que o quadro
metodológico da pesquisa esteja ao alcance da experiência do candidato. (p.6)
—
...”quem quer fazer uma
tese deve fazer uma tese que esteja à altura de fazer”. (p.6)
—
...que o professor seja adequado. (p.6)
—
... seria ... oportuno
que o estudante, ... escolhesse um título mais modesto. (p.8)
—
Um campo restringe-se
quando se sabe o que conservar e o que escoimar. (p.10)
—
Só explicamos e
entendemos um autor quando o inserimos num panorama.
—
...quanto mais se restringe o campo, melhor e com mais segurança se
trabalha. (p.10)
—
Uma tese teórica é
aquela que se propõe atacar um problema abstrato, que pode já ter sido ou não
objeto de outras reflexões: (p.11)
—
...teses brevíssimas,
destituídas de apreciável organização interna, mais próximas de um poema lírico
que de um estudo científico. (p.11)
—
...ele responde que não
foi compreendido, que sua tese é muito mais inteligente que outros exercícios
de banal compilação. (p.11)
—
Os medievais, com seu
exagerado respeito pela autoridade dos autores antigos, diziam que os modernos,
embora ao seu lado fossem “anões”, apoiando-se neles tornavam-se “anões em
ombros de gigantes”, e, deste modo, viam mais além do que seus predecessores.
(p.12)
—
...o autor contemporâneo é sempre mais difícil. (p.13)
—
Contudo se se entende a
tese como a ocasião para aprender a elaborar uma pesquisa, o autor antigo
coloca maiores obstáculos. (p.13)
—
... um valente pesquisador
pode levar a cabo uma análise histórica ou estilística sobre um autor
contemporâneo com a mesma acuidade e exatidão filosófica exigidas para um autor
antigo. (p.13)
—
... trabalhe sobre um contemporâneo como se
fosse um antigo, e vice-versa. Será mais agradável e você fará um trabalho
mais sério. (p.14)
—
... não mais de três anos e não menos de seis meses. (p.14)
—
... escolher a tese por volta do final do segundo ano
de estudos. (p.14)
—
... preciso escolher uma tese que não implique o
conhecimento de línguas que não sei ou que não estou disposto a aprender. (p.18)
—
Não se pode fazer uma tese sobre um autor estrangeiro
se este não for lido no original. (p.18)
—
Não se pode fazer uma tese sobre determinado assunto
se as obras mais importantes a seu respeito foram escritas numa língua que
ignoramos. (p.18)
—
Não se pode fazer uma tese sobre um autor ou sobre um
tema lendo apenas as obras escritas nas línguas que conhecemos. (p.18)
—
... antes de
estabelecer o tema de uma tese é preciso dar uma olhada na bibliografia
existente e avaliar se não existem dificuldades lingüísticas significativas.
(p.19)
—
... a tese deve ser
entendida como uma ocasião única para fazer alguns exercícios que nos servirão
por toda a vida. (p.19)
—
Um estudo é científico
quando ... debruça-se sobre um objeto
reconhecível e definido de tal maneira que seja reconhecível igualmente pelos
outros. (p.21)
—
O estudo deve dizer do
objeto algo que ainda não foi dito ou
rever sob uma ótica diferente o que já se disse. (p.22)
—
Um trabalho de
compilação só tem utilidade científica se ainda não existir nada de parecido
naquele campo. (p.22)
—
O estudo deve ser útil aos demais. (p.22)
—
Um trabalho é
científico se ... acrescentar algo ao que a comunidade já sabia, e se todos os
futuros trabalhos sobre o mesmo tema tiverem que levá-lo em conta, ao menos em
teoria. (p.22)
—
O estudo deve fornecer elementos para a verificação e
a contestação das hipóteses apresentadas (p.23)
—
... os requisitos de
cientificidade podem aplicar-se a qualquer tipo de pesquisa. (p.24)
—
... até sobre um tema
... pouco erudito e pobre ... se pode executar um trabalho científico, útil aos
outros, inserível numa pesquisa mais ampla e indispensável a quem queira
aprofundar o tema, (p.32)
—
uma tese estuda um objeto por meio de determinados instrumentos. Muitas vezes o objeto é um
livro e os instrumentos, outros livros. (p.35)
—
em certos casos, pelo
contrário, o objeto é um fenômeno real: (p.35)
—
A distinção entre as
fontes e a literatura crítica precisa estar bem clara, (p.36)
—
... é muito importante
definir logo o verdadeiro objeto da tese, já que, desde o início, impõe-se o
problema da acessibilidade das fontes. (p.37)
—
... se se está em
condições de aceder às fontes, e é preciso saber: (1) onde podem ser
encontradas, (2) se são facilmente acessíveis, (3) se estou em condições de
compulsá-las. (p.36/37)
—
Quando trabalhamos
sobre livros, uma fonte de primeira mão é uma edição original ou uma edição
crítica da obra em apreço. (P.39)
—
Tradução não é fonte: ... Antologia não é fonte: ...
Resenhas efetuadas por outros autores, mesmo completadas pelas mais amplas
citações, não são fontes: (p.39)
—
... nos limites fixados pelo objeto do meu estudo, as fontes devem ser sempre de primeira mão. ... Em teoria, um trabalho científico sério não
deveria jamais citar uma citação,
mesmo não se tratando do autor diretamente estudado. (p.40)
—
Organizar uma
bibliografia significa buscar aquilo cuja existência ainda se ignora. (p.42)
—
Catálogos bibliográficos — São os mais seguros para quem já tenha uma idéia
clara do tema que pretende trabalhar. (p.43)
—
O modo mais cômodo de
escolher os catálogos bibliográficos é, em primeiro lugar, solicitar os títulos
ao orientador da tese. Em Segunda instância, pode-se recorrer ao bibliotecário.
(p.44)
—
É preciso superar a
timidez, pois, com freqüência, o bibliotecário nos orientará com segurança,
fazendo-nos ganhar muito tempo. (p.44)
—
É claro que, ... se
deve contar com a ajuda do bibliotecário, ... não convém confiar nele
cegamente. (p.44)
—
O arquivo de leitura compreende fichas, ... dedicadas aos livros ...
que você de fato leu: (p.47)
—
O arquivo bibliográfico ... registrará todos os livros a serem procurados. (p.47)
—
O arquivo bibliográfico
deve nos acompanhar sempre que formos a uma biblioteca. (p.47)
—
... para violar regras
ou opor-se a elas importa antes de tudo conhecê-las
( p.48
—
a citação bibliográfica ... A inicial não basta, (p.48)
—
Não é preciso colocar
entre aspas o título do livro, pois é costume quase universal fazer isso com
títulos de capítulos ou artigos de revista. ... os títulos anglo-saxões
empregam com maiúsculas substantivos, adjetivos e verbos, e com minúsculas
artigos, partículas, preposições e advérbios (p.48)
—
É errado dizer onde um livro foi publicado e não
esclarecer por quem. (p.48)
—
O nome da cidade só
bastará se se tratar de obras antigas (p.49)
—
... menciona-se sempre o local da edição, não da impressão ...
não se contente com os dados do frontispício, ... vá até a página seguinte, a
do copyright. Lá você encontrará o
local verdadeiro da edição, a data e o número da edição. (p.49)
—
... é bom mencionar a
cidade da edição sempre na língua
original. (p.49)
—
Apenas na página do copyright você encontrará a data da
primeira edição (p.49)
—
Quando se trabalha
sobre um autor ... não deve difundir idéias erradas sobre seu trabalho, ... se
... utilizarmos uma edição posterior, revista e aumentada, precisaremos
especificar a data da primeira edição tanto quanto a da que você utilizou.
(p.50)
—
... maneiras de citar
... livros ... existem outros critérios, ... válido enquanto permitir: (a)
distinguir livros de artigos ou de capítulos de outros livros; (b) determinar
... o nome do autor e o título; (c) determinar o local da publicação, editora e
edição; (d) determinar, eventualmente, ... dimensão do livro. (p.50)
—
o segundo exemplo ...
americano ... mais usado em notas de rodapé do que em bibliografias finais. ...
o sistema número 1 nos diz tudo o que é preciso, (p.51)
—
... os artigos de
revista entram na mesma categoria (como se verá) dos capítulos de livros e de
atas de congressos. (p.51)
—
Devemos deixar ...
espaços em branco para as indicações que por hora faltam. (p.53)
—
Muitos autores e nenhum organizador ... indica-se apenas o primeiro autor, seguido do et al.
—
... o título do
capítulo é in um dado livro, ... o
artigo da revista não é in a revista,
(p.54)
—
Anônimos, pseudônimos, etc ... No primeiro caso, basta colocar, no lugar do nome
do autor a palavra “anônimo”. No segundo, fornecer depois do pseudônimo o nome
verdadeiro ... entre parênteses ... seguido de um ponto de interrogação caso se
trate de uma hipótese válida. ... um autor reconhecido como tal ... mas cuja
figura histórica foi posta em dúvida ... deve-se registrá-lo como “Pseudo”. ...
No terceiro caso, ... o verbete ... aparecerá com a sigla “M.Pr.” ... à lista
de abreviaturas ... verifica tratar-se de Mário Praz. Portanto: M(ario) Pr(az)
(p.54/55)
—
Agora in ...
se se trata de obras sobre as quais a tese se apoia especificamente, então os
dados da primeira publicação passam a
ser essenciais por razões de exatidão histórica. (p.55)
—
Citações de jornais ... como as de revista, salvo que ... colocar a data
antes do número. (p.55)
—
... jornais que não
tenham ... difusão nacional ou internacional ... especificar a cidade: (p.55)
—
Citações de documentos oficiais ou de obras
monumentais ... existem abreviaturas
e siglas que variam de disciplina para disciplina, (p.55)
—
Citações de clássicos ... existem convenções quase universais, ...
título-livro-capítulo, parte-parágrafo ou canto-verso. (p.56)
—
O principal critério
deve ser o da praticidade e clareza: (p.56)
—
Citações de obras inéditas ou documentos privados ... são especificados como tais. (p.57)
—
Originais e traduções ... convém fornecer uma dupla indicação. (p.57)
—
... fazê-lo em sua
própria língua, mas especificando tradução e edição. (p.58)
—
... é preciso sempre
controlar as referências bibliográficas em mais de uma fonte. (p.59)
—
... a completude da
informação depende do tipo da tese e do papel que um dado livro desempenha no
discurso global (p.59)
—
RESUMO DAS REGRAS
PARA A CITAÇÃO BIBLIOGRÁFICA
LIVROS
1
– nome e sobrenome do autor (ou autores, ou organizador, com eventuais
indicações sobre pseudônimo ou falsas atribuições).
2
– Título e subtítulo da obra.
3
– ( “Coleção” ),
4
– Número da edição (se houver várias),
5
– Local da edição: não existindo no livro, escrever s.l. (sem local),
6
– Editor: não existindo no livro, omiti-lo,
7
– Data da edição: não existindo no livro, escrever s.d. (sem data),
8
– Dados eventuais sobre a edição mais recente,
9
– Número de páginas e eventual número de volumes de que a obra se compõe,
10
– (Tradução: se o título era em língua estrangeira e existe uma tradução na
nossa, especifica-se o nome do tradutor, o título traduzido, local de edição,
editor, data da edição e número de páginas, eventualmente).
ARTIGOS
DE REVISTA
1
– Nome e sobrenome do autor.
2
– “Título do artigo ou capítulo”.
3
– Título da revista,
4
– Volume e número do fascículo (eventuais indicações de Nova Série),
5
– Mês e ano,
6
– Páginas onde aparece o artigo.
CAPÍTULOS
DE LIVROS, ATAS DE CONGRESSOS, ENSAIOS EM OBRAS COLETIVAS
1
– Nome e sobrenome do autor.
2
– “Título do capítulo ou do ensaio”.
3
– In:
4
– Eventual nome do organizador da obra coletiva ou VVAA,
5
– Título da obra coletiva,
6
– (Eventual nome do organizador se primeiro foi colocado VVAA),
7
– Eventual número do volume da obra onde se encontra o ensaio citado,
8
– Local, Editor, data, número de páginas, como no caso de livros de um só
autor. (p.60)
—
... às vezes, basta
encontrar um único texto para resolver uma série inteira de problemas. (p.73)
—
... informações de
Segunda mão, deverei sempre assinalar em nota: “cit. In Getto, etc.”, e isso
não só por honestidade, mas também por prudência, já que uma eventual
imperfeição nas citações não ficará sob minha responsabilidade; (p.74)
—
... a única coisa que
não posso permitir-me é ignorar os autores originais sobre os quais farei a tese. ... Uma tese deve apresentar também
material de primeira mão. (p.74)
—
Se alguém não pode
deslocar-se, o melhor é trabalhar com o que há in loco. (p.75)
—
... pode chegar a uma biblioteca de interior sem saber nada ou quase nada
sobre um tema e Ter, em três tardes, idéias suficientemente claras e completas.
( p.76/77)
—
Há teses que se fazem
folheando jornais ou atas parlamentares, mas elas também exigem uma literatura
de apoio. (p.78)
—
... uma tese sobre
livros recorre a dois tipos de livros: os livros de que se fala e os livros com
a ajuda dos quais se fala. (p.78)
—
... o círculo é em si
vicioso, pois sem literatura crítica preliminar o texto pode parecer ilegível,
e sem o seu conhecimento não se pode aquilatar a literatura crítica. (p.78)
—
Existem pessoas monocrônicas e policrônicas. As primeiras só trabalham bem quando começam e acabam
uma coisa por vez. ... os policrônicos são o contrário.
—
Uma das primeiras
coisas para começar a trabalhar numa
tese é escrever o título, a introdução e o índice final ... redigir logo o
índice como hipótese de trabalho serve para definir o âmbito da tese. (p.81)
—
... os textos que não
explicam com grande familiaridade os termos que empregam deixam a suspeita de
que seus autores são muito mais inseguros (p.113)
—
... uma tese é um
trabalho que ... se dirige ao examinador, mas ... possa ser lida ... por muitos
outros, mesmo ... não versados ... naquela disciplina. (p.113)
—
... será ...
conveniente fornecer ao leitor todas as informações de que ele precisa. (p.114)
—
... definir todos os termos técnicos usados como
alegorias-chave em nosso discurso.
(p.114)
—
... se escreve (à
humanidade, não ao examinador), (p.115)
—
Não imite Proust. Nada de períodos longos. Não receie repetir duas vezes o sujeito.
Elimine o excesso de pronomes e subordinadas. (p.115)
—
Portanto, ao falar do
estilo dos futuristas, evite escrever como um deles. ... A linguagem da tese é
uma metalinguagem, isto é, uma
linguagem que fala de outras linguagens. ... O pseudopoeta que faz sua tese em
versos é um palerma (e com certeza mau poeta). (p.116)
—
Abra parágrafos com freqüência. (p.117)
—
Escreva o que lhe vier à cabeça, mas apenas em
rascunho. ... A finalidade da tese é
demonstrar uma hipótese que se elaborou
inicialmente, e não provar que se sabe tudo. (p.117)
—
Use o orientador como cobaia. ... recorra a um amigo. Verifique se qualquer pessoa
entende o que você escreveu. (p.117)
—
Não se obstine a iniciar no primeiro capítulo. (p.117)
—
Não use reticências ou pontos de exclamação, nem faça
ironias. (p.117)
—
Defina sempre um termo ao introduzi-lo pela primeira
vez. Não sabendo defini-lo, evite-o.
(p.119)
—
Não comece a explicar onde fica Roma para depois não
explicar onde fica Timbuctu. (p.119)
—
... tenha a humildade
de fornecer todos os dados, se não no texto, pelo menos numa nota logo no
início: ... Não presuma que todos saibam de que se trata. (p.120)
—
Eu ou nós? ...
Dizemos “nós” por presumir que o que afirmamos possa ser compartilhado pelos
leitores. Escrever é um ato social: escrevo para que o leitor aceite aquilo que
lhe proponho. (p.120)
—
Nunca use artigo diante de nome próprio. (p.120)
—
Não aportuguese jamais os nomes próprios
estrangeiros. (p.120)
—
Só se deve aportuguesar os sobrenomes estrangeiros em
caso de tradição consagrada. (p.121)
—
... as citações são
praticamente de dois tipos: (a)
cita-se um texto a ser depois interpretado e (b) cita-se um texto em apoio à nossa interpretação. (p.121)
—
... citar com profusão
ou com parcimônia. Depende do tipo de tese. (p.121)
—
Os textos da literatura
crítica só são citados quando, com sua autoridade, corroboram ou confirmam
afirmação nossa. (p.121)
—
... se o texto for
importante, mas muito longo, é melhor transcrevê-lo por extenso em apêndice e citar ao longo dos
capítulos apenas breves períodos. (p.121)
—
... ao citar ...
deve-se estar seguro de que a citação diga algo de novo ou confirme o que fora
dito com autoridade. (p.121)
—
... não é preciso
apoiar-se na autoridade de quem quer que seja para demonstrar ... evidente.
(p.122)
—
As citações pressupõe
que a idéia do autor citado seja compartilhada, a menos que o trecho seja
precedido e seguido de expressões críticas. (p.122)
—
De todas as citações
devem ser claramente reconhecíveis o autor e a fonte impressa ou manuscrita.
(p.122)
—
com simples parênteses, onde se menciona o número
da página quando o capítulo ou toda a tese tratam da mesma obra do mesmo autor.
(p122)
—
As citações de fonte
primárias devem de preferência ser colhidas da edição crítica ou da edição mais
conceituada; (p.122)
—
Quando se estuda um
autor estrangeiro, as citações devem ser na língua original. ... Pode ainda
suceder que se fale de um autor estrangeiro, ... que se examinem seus textos
não por razões de estilo, mas de conteúdo filosófico. Neste caso, se as
citações forem muitas e contínuas, pode-se recorrer a uma boa tradução para
tornar o discurso mais fluente, apenas inserindo breves trechos no original quando se quiser ressaltar o
uso específico de uma certa palavra. (p.123)
—
“Ibidem” significa “no mesmo lugar” e só se usa quando se quer repetir a citação
da nota precedente. (p.124)
—
Quando uma citação não
ultrapassa duas ou três linhas, pode-se inseri-la no corpo do parágrafo entre
aspas duplas, ... Quando a citação é mais longa, é melhor colocá-la em espaço com entrada (p.124)
—
A subdivisão em
parágrafos da fonte original deve ser mantida na citação. (p.125)
—
As citações devem ser fieis. ... nunca se devem eliminar
partes do texto sem que isso seja assinalado: ... jamais fazer interpolações:
qualquer comentário, esclarecimento ou especificação nossos devem vir entre colchetes. (p.125)
—
... a referência deve
ser exata e precisa (não se cita um autor sem dizer em que livro e em que
página) ... quando uma informação ou um juízo ... nos forem fornecidos por uma
comunicação pessoal, carta ou manuscrito? ... citar a frase apondo em nota uma
das seguintes expressões: [ especificação] (p.126)
—
Se omitirmos uma parte
pouco importante,... a elipse deve seguir a pontuação da parte completa. Se
omitirmos uma parte central..., a elipse precede a vírgula. (p.127)
—
... apenas um verso
pode aparecer no corpo do texto: ... Dois versos podem aparecer no texto
separados por uma barra: ... um excerto poético mais longo, ... recorrer ao
sistema de espaço com entrada: (p.127)
—
Procede-se da mesma
forma perante um único verso destinado a ser alvo de uma longa análise
subsequente, (p.127)
—
... é preciso
certificar-se de que os trechos que
copiou são realmente paráfrases e não citações
sem aspas. Do contrário terá cometido um plágio. (p.128)
—
Como Ter certeza de que
uma paráfrase não é um plágio? ... A prova mais cabal é dada quando conseguimos
parafrasear o texto sem tê-lo diante dos olhos, significando que não só não o
copiamos como o entendemos. (p.128)
—
Você deve estar seguro
de que, não existindo aspas na ficha, o que ali está é uma paráfrase e não um
plágio. (p.129)
—
As notas servem para indicar as fontes das citações. ... Se for nota de referência bibliográfica, convém
que apareça em rodapé e não no fim do livro ou do capítulo, (p.130)
—
... acrescentar ao assunto discutido no texto
outras indicações bibliográficas ... é também cômodo colocá-las em rodapé.
—
... introduzir uma citação de reforço (p.130)
—
... ampliar as afirmações que se fez no texto (p.130)
—
... corrigir as afirmações que se fez no texto: (p.131)
—
... dar a tradução de uma citação ... ou a versão original de uma citação (p.131)
—
... pagar dívidas. ... por exemplo, que uma
série de idéias originais ora expostas jamais teria vindo à luz sem o estímulo
recebido da leitura de determinada obra ou das conversações privadas com tal
estudioso.(p.131)
—
... uma nota nunca deveria ser excessivamente longa, do contrário não será uma nota, mas um apêndice que, ... deve aparecer no
fim da obra, numerado. ... ou todas as notas em rodapé ou no fim do capítulo,
ou breves notas em rodapé e apêndices no fim da obra. (p.131)
—
... se se está
examinando uma ... obra de um só autor, ... poder-se-á evitar as notas
simplesmente fornecendo no início do trabalho abreviaturas para as fontes e
inserindo entre parênteses, no texto, uma sigla com o número de página (p.131)
—
É preciso Ter cuidado
em não transferir para as notas informações importantes e significativas: ...
“qualquer nota de rodapé deve justificar praticamente sua própria existência”.
(p.131)
—
... as obras citadas em
nota deverão aparecer depois na bibliografia final (exceto nos raros casos em
que a nota cita um autor que nada tem a ver com a bibliografia específica da
tese, ... a nota bastaria). (p.132)
—
O sistema autor-data (p.134)
*
A bibliografia assume portanto uma das seguintes formas, (p.134)
*
... este sistema só funciona sob certas condições: (p.135)
*
... uma bibliografia muito homogênea
e especializada, (p.135)
*
uma bibliografia moderna, (p.135)
*
uma bibliografia científico-erudita:
(p.135)
—
... quando duas obras
do mesmo autor aparecem no mesmo ano, costuma-se especificar a data
acrescentando-lhe uma letra alfabética), (p.136)
—
Não forneça referências e fontes para noções de
conhecimento geral. (p.138)
—
Não atribua a um autor uma idéia que ele apresenta como
de outro. (p.138)
—
Não acrescente ou corte notas apenas para acertar a
numeração. (p.138)
—
Há um método para citar a partir de fontes de Segunda
mão, observando-se as regras de correção científica. (p.139)
—
Dar sempre informações precisas sobre edições críticas, revisões e similares. (p.139)
—
Cuidado ao citar um autor antigo de fontes
estrangeiras. (p.139)
—
Decida como formar os adjetivos a partir dos nomes
próprios estrangeiros. (p.140)
—
Cuidado quando encontrar números em livros em inglês.
(p.140)
—
Nada de estabelecer
equivalências fáceis entre termos de línguas diferentes. (p.140)
—
Agradecimentos ... É de mau gosto agradecer demasiado ao orientador. Se o ajudou,
fê-lo, em parte, por obrigação. (p.140)
—
Ao falar, você é a autoridade. ... seja modesto e
prudente antes de abrir a boca, mas, depois de abri-la, seja arrogante e
orgulhoso. (p.141)
—
O que se sublinha?
·
palavras
estrangeiras de uso pouco comum
·
termos técnicos
que se queira acentuar
·
frases ... que
constituam o enunciado de uma tese ou sua demonstração conclusiva
·
títulos de
livros
·
títulos de
poesias, obras teatrais, quadros e esculturas
·
títulos de
jornais e semanários
·
títulos de
filmes, canções e óperas. (p.146/147)
—
... não sublinhe as
citações de outros autores, ... trechos acima de duas ou três linhas. (p.147)
—
... você pode usar (com
muita parcimônia) as maiúsculas para palavras isoladas de particular
importância técnica. (p.147)
—
Não use versalete por
razões enfáticas ... Em geral, jamais enfatize de forma alguma, não use ponto
de exclamação nem reticências (a não ser para indicar a interrupção de um texto
citado). (p.148)
—
Um parágrafo pode ter
subparágrafos, ... Se o título do parágrafo estiver sublinhado, o do
subparágrafo se distinguirá por não sê-lo, ... para distinguir o parágrafo do
subparágrafo intervém a numeração. (p.148)
—
“as citações diretas
que não ultrapassarem as três linhas datilografadas aparecem entre aspas
duplas, e no texto”. (p.149)
—
termos de uso comum ou
de outros autores a quem desejamos atribuir a conotação de “assim chamado” ... para enfatizar um termo, basta sublinhar
ou recorrer às aspas ‘simples’; (p.149)
—
citações de falas de
peças teatrais. (p.150)
—
para citar, num texto de outrem entre aspas um
outro texto também entre aspas? Usam-se as aspas simples, (p.150)
—
aspas ‹‹ angulares ››
...
·
raramente são
usadas, (p.150)
—
Trata-se de um caso
raro, no qual você precisa tomar uma decisão de acordo com a literatura crítica
com a qual trabalha, (p.150)
—
Transliterar significa transcrever um texto adotando um sistema alfabético diferente
do original. (p.151)
—
Os sinais diacríticos
são sinais que se acrescentam às letras normais do alfabeto para der-lhes um
particular valor fonético. (p.152)
—
... em francês, mesmo
em tipografia, não se acentuam as maiúsculas. (p.152)
—
Quanto às outras
línguas, é preciso decidir caso por caso, e, como sempre, a solução será
diferente conforme se cite uma palavra isolada ou se faça a tese sobre essa
língua específica. (p.152)
—
O ponto e a vírgula. Após citações entre aspas, ficam sempre dentro
destas, desde que estas encerrem um discurso completo. ... não se usa a vírgula
antes da abertura de parênteses. (p.155)
—
A chamada de nota vai
antes do sinal de interpontuação. (p.155)
—
Quanto às palavras
espanholas, só recebem acento agudo: Hernándes, García, Verón. (p.158)
—
Não exagere com as
maiúsculas. (p.158)
—
Feche sempre as aspas
que abriu. (p.158)
—
Não use números em
algarismos arábicos em demasia. (p.158)
—
Use números para datas,
que é sempre preferível serem por extenso: 27 de Abril de 1999 e não 27/4/99;
(p.159)
—
Nunca escreva “XIIº”
pois os algarismos romanos exprimem sempre os ordinais (P.159)
—
Seja coerente com as
siglas. (p.159)
—
Preste atenção nas
citações de títulos de livros (p.159)
—
a) Como se diz em Os Noivos
·
A mais correta é
a (a) (p.159)
—
escolhida a forma,
siga-a sempre. ... jornais, preste atenção se o artigo faz ou não parte do
título. (p.159)
—
Não exagere sublinhando
inutilmente. ... Nunca sublinhe nomes de marcas ou de monumentos célebres: ...
os termos filosóficos usados em língua estrangeira, mesmo sublinhados, não se
põem no plural nem tão pouco se declinam: ... mas os termos latinos se
declinam: ... É melhor evitar estas situações difíceis usando o termo
correspondente em nossa língua (p.159/160)
—
Use com critério a
alternância de ordinais e cardinais, algarismos romanos e arábicos. Tradicionalmente o algarismo romano indica a subdivisão
mais importante. (p.160)
—
... mantenha o mesmo
critério. (p.160)
—
Releia o trabalho datilografado! ... Eis algumas coisas que se deve controlar de
maneira absoluta:
·
Páginas
·
Remissões internas
·
Citações
·
Notas
·
Bibliografia (p.160)
—
... uma tese deve Ter
uma bibliografia final, (p.161)
—
... o problema varia
segundo o tipo de tese, e a questão está em organizar uma bibliografia que
permita distinguir e individualizar fontes primárias e fontes secundárias,
(p.162)
—
... os objetivos de uma
bibliografia são: (a) tornar reconhecível a obra a que nos referimos; (b)
facilitar a sua localização e (c) demonstrar familiaridade com os usos da
disciplina em que se faz a tese. (p.162)
—
... a bibliografia de
uma tese deve conter apenas as obras consultadas ... outra solução seria
desonesta. ... também aqui ... depende do tipo de tese. ... Bastaria, ... que o
candidato advertisse claramente que
não consultou todas as obras mencionadas (p.162)
—
... porém, ... se ...já
existe uma bibliografia completa, é melhor remeter a ela e registrar apenas as
obras efetivamente consultadas. (p.162)
—
Muitas vezes a
credibilidade de uma bibliografia é dada por seu título. (p.163)
—
... eis uma divisão
padrão para uma tese genérica:
·
Fontes
·
Repertórios
bibliográficos
·
Obras sobre o
tema ou sobre o autor (às vezes divididas em livros e artigos)
·
Materiais
adicionais (entrevistas, documentos, declarações) (p.163)
—
Uma tese de filologia
que discute um texto raro ... trará este texto em apêndice, ... Uma tese na
qual se faz constantes referências a um dado documento, ... poderia incluir
este documento em apêndice. Uma tese ... que discuta uma lei ou um corpo de
leis deverá inserir tais leis em apêndice (p.163)
—
... devem vir em
apêndices todos os dados e documentos que tornem o texto pesado e de difícil
leitura. ... deve-se agir à luz do bom senso, (p.164)
—
O índice deve registrar
todos os capítulos, subcapítulos e parágrafos do texto, com a mesma numeração,
com as mesmas páginas e com as mesmas palavras. (p. 165)
—
[o índice] Pode ser
posto no início ou no fim. (p.165)
—
A meu ver, é mais
cômodo colocá-lo [o índice] no início, ... mas ... que seja mesmo no início. (p.165)
—
Numa tese, ... Basta um bom índice-sumário bem analítico,
de preferência na abertura da tese, logo depois do frontispício. (p.165)
—
... não é necessário
concluir os títulos com um ponto. ... alinhar os números à direita e não a
esquerda, (p.167)
—
Fazer uma tese significa divertir-se, e a tese é como
porco: nada se desperdiça. (p. 169)
—
O importante é fazer as
coisas com gosto. (p.169)
—
Há uma satisfação
esportiva em dar caça a um texto que não se encontra, há uma satisfação de
charadista em encontrar, após muito refletir, a solução de um problema que
parecia insolúvel. (p.169)
—
Viva a tese como um
desafio. O desafiante é você: ... Às vezes a tese pode ser vivida como uma
partida a dois: o autor que você escolheu não quer confiar-lhe o seu segredo,
... Às vezes a tese é um puzzle: você
dispõe de todas as peças, cumpre fazê-las entrar em seu devido
lugar.(p.169/170)
—
Se fez a tese com
gosto, há de querer continuá-la. (p.170)
—
Mesmo um bom
profissional deve continuar a estudar. (p.170)
—
... uma tese bem feita
é um produto de que se aproveita tudo. (p.170)
—
... será esta a
primeira vez que você faz um trabalho científico sério e rigoroso, e isto não é
experiência de somenos importância.
Obrigado! Me ajudou muito!
ResponderExcluir