O CEMITÉRIO DE PRAGA
ECO,
Humberto, O cemitério de Praga. Rio
de Janeiro: Record, 2013
ENREDO
Os personagens são bizarros: um narrador extremamente preconceituoso e
amoral, uma adepta do satanismo emocionalmente perturbada, um prior que já
faleceu duas vezes, alguns corpos jogados no esgoto, um seguidor de Garibaldi, “consultas”
psiquiátricas com o próprio Freud. Acontecimentos históricos e fantasias se
misturam e o leitor leigo por vezes não sabe onde termina um e começa outro. O
que se sabe do livro, procurando no Google, é que somente o protagonista é
fictício e todos os outros personagens são verdadeiros. Mas como as ações do
personagem fictício estão em primeiro plano, o que mesmo passa a ser
verdadeiro?
FRASES
Alguém não
disse que abusaram dos dois grandes narcóticos europeus, o álcool e o
cristianismo? Pág. 16
E vão
comer e beber o seu Senhor, para depois cagá-lo e mijá-lo. Pág.21
Os homens
nunca fazem o mal tão completa e entusiasticamente como quando o fazem por
convicção religiosa. Pág.21
Alguém já
disse que as mulheres não passam de um sucedâneo do vício solitário, apenas é
necessária mais fantasia. Pág.32
Por que
abolir a censura religiosa preventiva sobre as publicações? Será que agora
todos podem dizer o que lhes agrada, sem comedimento e sem respeito pela fé e
pela moral? Pág. 91
A verdadeira
liberdade é o direito do homem de seguir a lei de Deus, de merecer o paraíso ou
o inferno. Agora, em vez disso, entende-se por liberdade a possibilidade de
escolher as crenças e as opiniões que mais lhe agradam, em que uma vale a
outra, e para o Estado tanto faz que você seja maçom, cristão, judeu ou sequaz
do grão-turco. Desse jeito, a pessoa se torna indiferente à Verdade. Pág. 92
A principal
característica das pessoas é que elas se dispõem a acreditar em tudo. Aliás,
sem a credulidade universal, como a Igreja poderia ter resistido por quase 2
mim anos? Pág. 315
Alguém já
disse que o patriotismo é o último refúgio dos canalhas: quem não tem
princípios morais costuma se enrolar em uma bandeira, e os bastardos sempre se
reportam à pureza da sua raça. A identidade nacional é o último recurso dos
deserdados. Pág. 370
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