Perdendo Tempo Com Deus: Por Que Sou Ateu



Algumas igrejas são piores que outras, mas todas são ruins, pois todas estão fundamentadas em absurdidades, perversidades e hipocrisia.

Deísmo: a crença num deus que está se lixando para sua criação.

Se um avião com 300 passageiros cair, 299 morrerem e o sobrevivente for crente, este dirá: “Graças a Deus!”. Em sua sobrevivência, o crente vê a prova da existência de Deus. Se um sobrevivente é uma prova de que Deus existe, não deveriam 299 vítimas ser 299 provas de que Deus não existe?

O mundo está cheio de pessoas dispostas não apenas a acreditar em malucos como também a continuar a neles acreditar mesmo que fique provado que o que pregam é maluquice.

Conquanto crentes sempre tenham sido a maioria, a história da Humanidade sempre foi um mar de sangue.

Crer em Deus jamais impediu humanos de praticar desumanidades. Pelo contrário: muitas atrocidades foram cometidas justamente por causa da crença em Deus, semelhante a um remédio que, em vez de fazer bem, faz mal.

Se a Humanidade está doente e Deus é o remédio, por que a história da crença em Deus é tão bárbara?

Perto da história do Cristianismo, o mais medonho filme de terror é comédia.

Jesus ter pregado a mansidão jamais inibiu seus seguidores de pegar em armas. Jesus ter pregado o amor nunca impediu seus seguidores de roubar as terras de outros povos e escravizá-los.

No desespero de querer provar que “gente que não tem Deus no coração” é má, cristãos adoram exclamar: “O Comunismo matou tantos e tantos milhões!”, como se fosse um ridículo concurso de quem matou mais: religião ou Ateísmo. Mesmo a mais ateia das ditaduras socialistas também é religião.
Não se engane: ditaduras socialistas são nações extremamente religiosas. Sua religião é o Estado; seu deus, o Líder. Então, Fascismo, Comunismo, Estalinismo e Nazismo não são, na verdade, nada seculares, como algumas pessoas pensam, e são muito mais religiosos que a maioria das pessoas pode imaginar. A Coreia do Norte é o Estado mais religioso em que já estive.

Somando todas as guerras e massacres da história da Humanidade, muito mais pessoas foram (e são) mortas por crentes que por descrentes.

“Se ter Deus no coração faz as pessoas serem boas, por que num mundo em que a maior parte delas crê em Deus houve, e ainda há, tantas guerras?”.

Quando expôs as supostas heresias da Igreja Católica e fundou o Protestantismo, Martinho Lutero se baseou na Bíblia, a mesma que nunca o fez sentir que odiar católicos, anabatistas, ciganos, “bruxas” e judeus é errado. Pior: pecado.

Os guetos nazistas existiram por três anos, mas o Gueto de Roma, instituído em 1555 pelo papa Paulo IV, existiu por — acredite quem puder — 333 anos.

“Mas Paulo, os cristãos que praticavam essas barbaridades não eram cristãos de verdade!” Seriam os milhões de seguidores de Jesus que apoiam Bolsonaro cristãos de mentira?

As evidências históricas contradizem a noção de que a crença em Deus faz bem à Humanidade.

Se ele é o deus verdadeiro, por que render culto a deuses falsos, ou seja, que não existem fazia Javé arder de ciúme e bufar de raiva?

Haveria um deus civilizado de tingir seus altares com o sangue de bois, cordeiros e pombas, fazer de seus sacerdotes açougueiros e se deliciar com o cheiro de carne queimada?

Robert Green Ingersoll: Quaisquer que sejam os bons ensinamentos da Bíblia jamais impediram cristãos de perseguir, torturar e matar irmãos na fé que pensavam diferente, quem dirá seguidores de outras religiões.

A constatação de que religião gera sectarismo e violência porque é obscurantismo deu à luz o Iluminismo, que germinou governos seculares, em que há separação entre Igreja e Estado. As sociedades mais tolerantes são justamente aquelas em que a maior parte da população dá nenhuma ou pouca importância à adoração de divindades.

Se nunca os impediu de perseguir, expulsar, torturar, queimar e escravizar, seguir Jesus não pode ser o motivo por que cristãos pararam de praticar essas coisas. A razão por que hoje cristãos não mais perseguem, expulsam, torturam, queimam e escravizam é esta: medo de ir para a prisão.

Então Moisés disse aos levitas: “Hoje vocês se consagraram para o serviço do Senhor, pois lhe obedeceram mesmo quando tiveram de matar seus próprios filhos e irmãos. Hoje vocês receberam dele uma bênção”. (Êxodo 32:26-29) Matar os próprios filhos foi o teste de aptidão profissional dos levitas para trabalhar para Deus como sacerdotes.

Que valor têm adoração e obediência provenientes de medo? Por que é errado pais baterem em seus filhos? Porque, além de ser covardia, ensina às crianças que é certo obter respeito pela força. Se um pai bater nos filhos é covardia, um deus enviar inundações, secas, fomes e pestes contra suas criaturas é o que?

Se Deus encontra tempo para castigar a Humanidade, por que não para erradicar doenças e impedir o estupro de crianças?

O que na Bíblia temos é um deus que não se cansa de demonstrar que odeia o livre-arbítrio e a liberdade.

Por sorte, os relatos bíblicos sobre a ira de Deus são lendas.

O mesmo deus que na cruz bradou “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” não perdoou dois seres inocentes (Adão e Eva não faziam a mínima ideia do que é o bem e o mal) por darem uma dentada numa fruta. Não havia necessidade alguma de Deus amaldiçoar sua criação, trazendo sofrimento, flagelos, desgraças, tragédias e catástrofes naturais sobre bilhões de inocentes. Esse extra foi puro sadismo.

A grande maioria dos seguidores de Jesus não vive como ele mandou, mas pensa ou finge que vive. Conheci um monte de crentes em Deus que eram piores e um monte de descrentes de Deus que eram melhores pessoas que eu.

Se seguir o pacifista Yeshua (em hebraico) ou Isa (em árabe) fizesse alguma diferença, cristãos e muçulmanos sairiam às ruas aos bilhões para impedir seus governantes de travar batalhas. A Segunda Guerra Mundial, majoritariamente entre nações cristãs, e a Guerra Irã-Iraque, entre nações islâmicas, nunca teriam ocorrido e os adoradores de Jesus nos Estados Unidos jamais teriam jogado bombas nos veneradores de Jesus no Iraque.

Quando, em 2018, elegeram Jair Bolsonaro, evangélicos deram um retumbante tapa na cara do Filho de Deus.

Se ser cristão é ser praticante dos ensinamentos de Cristo e se a essência dos ensinamentos de Cristo é paz, amor e perdão, como podem políticos como Bolsonaro e Trump ser vistos por tantos milhões de cristãos como enviados de Deus?

Quer adorem Javé, Krishna, Alá ou outro deus, ou sigam religiões não teístas, crentes são tão bons ou maus quanto qualquer pessoa. Todavia, às vezes sua crença é justamente o que os faz cometer maldades.

Nos Estados Unidos, amar Jesus motiva alguns a odiar negros, imigrantes e refugiados, atacar sinagogas e raptar e assassinar funcionários de clínicas de aborto.

Cristãos juram por Deus que o Cristianismo é a religião verdadeira. Se for, Deus adora discórdia, pois ela mora no âmago do Cristianismo, razão por que é cheio de rachas.

Se, como dizem os muçulmanos, Deus é paz e, como dizem os cristãos, amor e a grande maioria das pessoas acredita em Deus, por que há tão pouca paz e amor?

Ora, os próprios crentes deveriam achar ridícula a ideia de deus verdadeiro. Afinal, se crer é bom e descrer é mau, o que importa é não descrer.

Das subdivisões do Protestantismo, a pior é o Evangelicalismo. Fruto do Puritanismo, o Evangelicalismo é um protestantismo biblicista, radical, mais ou menos a versão evangélica do talibã.

Se religião tivesse a ver com verdade e a verdade é só uma, a essa altura crentes já teriam identificado em qual religião a verdade está. Em vez de milhares, haveria só uma religião.

Se crentes fazem o bem para obedecer a uma ordem divina, não é por convicção, e se não é por convicção não tem valor. Ademais, se o bem vem duma divindade e ela de suas criaturas exige que nunca façam o mal, ela precisa dar o exemplo e nunca fazer o mal.

Javé cometeu e mandou cometer maldades. Das que ele mesmo cometeu, a maior é o Dilúvio. Ainda que a maldade superabunde, numa nação sempre haverá pessoas boas. Quando inundou a Terra para exterminar os homens perversos, Deus afogou milhões de inocentes.
Quer dizer que para praticar o bem preciso adorar um deus que não precisa praticar o bem?

Para um ser capaz de criar dois trilhões de galáxias, seria a coisa mais fácil do Universo libertar seu povo sem derramar uma única gota de sangue. Em vez disso, Deus fez questão de trazer desgraças sobre todos os habitantes dum país, incluindo idosos, enfermos, grávidas, crianças e bebês. O deus de amor decidiu fechar com chaves de ouro: matando o filho mais velho de todas as famílias.

Tornei obstinado o coração dele [do faraó] e o de seus conselheiros, (Êxodo 10:1-2). Essa lenda manda para o espaço a doutrina do livre-arbítrio, o faraó estava programado para negar a saída dos hebreus, a fim de que o Egito servisse de palco à criatividade sádica de Javé.

“[Deus] escolhe ter misericórdia de alguns e endurecer o coração de outros” (Romanos 9:18). [Deus] escolhe ter misericórdia de alguns e endurecer o coração de outros” (Romanos 9:18). Paulo reconhece que isso é chocante e pode induzir crentes a questionar: “Então, por que Deus os culpa? Não estão apenas cumprindo a vontade dele?”.

Se Deus existe e é assim, é meu dever moral rejeitá-lo. Fazer o bem não dá o direito de fazer o mal, nem isenta de culpa.

Quando um ditador manda assassinar milhões de pessoas, é genocídio, mas quando Javé-Jesus ordena o extermínio dum povo, é perfeitamente justificável?

Apesar de evidentemente injusto cristãos não têm problema com o dogma do Pecado Original. A esmagadora maioria dos cristãos acredita em suplício infindável.

Cristãos aprendem que dúvida religiosa é mau (embora achem bom duvidar de outras religiões), vem de Satanás.

A despeito de Lúcifer ser seu arqui-inimigo, Deus não só não o eliminou como até permitiu que se empenhasse e tivesse sucesso em levar pessoas para o Inferno. Isso é assim porque se Jerry matar Tom, Papa-Léguas matar Coiote ou Piu Piu matar Frajola, a história acaba.

Se Deus existisse, sua existência seria óbvia e dela ninguém duvidaria. Apelo à Ignorância é a falácia que crentes mais cometem: “A Ciência não sabe explicar isso e aquilo. Logo, Deus existe”. Ora, não saber por que algo é assim e assado não prova a existência de outro algo.

Se imaginarmos o conhecimento humano como uma estante, quanto mais voltamos no tempo menos livros ela continha e entre eles mais lacunas havia. À medida que o tempo passa, o conhecimento se expande e mais livros são colocados na estante, preenchendo cada vez mais lacunas e desalojando os deuses delas.

Quer saber o que é monoteísmo? Pegue o deus da fauna, o da flora, o da água, o do trovão, o da colheita, o da guerra, o da cura, enfim, todos os deuses de todas as coisas, misture-os e deles faça um deus. Dê-lhe o nome de Javé, se você for judeu, de Javé-Jesus-Espírito Santo, se você for cristão, de Alá, se você for muçulmano, e apelide-o de Deus. Isso é monoteísmo.

Politeístas preenchem as lacunas do conhecimento com divindades; monoteístas, com uma divindade que incorpora todas as divindades. Quem adora um deus 3 em 1 não tem moral para desdenhar de politeístas, chamando-os de pagãos.

Cristãos gostam de se gabar de o cientista inglês Isaac Newton ter sido crente em Deus (como se, no século XVII, isso fosse incomum). Não o fariam, se soubessem que, além de alquimista e, portanto, ocultista, Newton, que não acreditava em Diabo, demônios, tormento eterno e imortalidade da alma, era antitrinitário e considerava adorar Jesus idolatria. Newton só não foi queimado numa daquelas fogueiras que cristãos gostavam de fazer para torrar hereges porque nunca tornou públicos seus blasfemos escritos, descobertos após sua morte.

Embora traduzido para o português como Deus, Elohim é um substantivo plural, a confirmação da primitividade do deus judaico-cristão: é o cheiro da carne queimada que amolece o coração de Javé e o induz a prometer deixar de ser exterminador global. Só uma coisa era capaz de fazer o furibundo Javé parar de matar. Adivinhe o que? Exatamente: sangue. O Cristianismo está fundamentado em sacrifício humano e filicídio.

É bizarro que, numa era em que os seres humanos são capazes de construir sondas espaciais que visitam asteroides no Cinturão de Kuiper, a 6,6 bilhões de quilômetros da Terra, milhões de pessoas ainda cerimonialmente ingiram o sangue e a carne dum homem, segundo eles, martirizado e imolado por causa dum casal que, 4.000 anos antes, deu ouvidos a uma cobra falante.

Se a judeus, cristãos e muçulmanos não é possível saber sequer se Deus existe, muito menos se existe só um deus. Se antigamente as religiões eram extintas sobretudo em decorrência de um povo ser conquistado por outro (também o Cristianismo se espalhou pelo mundo por meio de violentas conquistas), hoje sua maior ameaça é a Ciência. Quanto mais conhecimento científico, menos vontade de acreditar em coisas sem fundamento.

Charlatão, perdão, sacerdote, mais conhecido como abade, adivinho, agoureiro, aiatolá, apóstolo, arcebispo, astrólogo, babalaô, babalorixá, beato, benzedeiro, bispo, bruxo, capelão, cardeal, cartomante, clérigo, cônego, curandeiro, devoto, diácono, eclesiástico, encantador, evangelista, feiticeiro, frade, guru, iluminado, imame, macumbeiro, mago, mandingueiro, médium, missionário, monge, necromante, ocultista, padre, pajé, papa, pároco, pastor, patriarca, pontífice, pregador, prelado, presbítero, primaz, prior, profeta, rabino, religioso, reverendo, vidente, vigário e xamã.

Primeiro, a religião faz você acreditar. Depois, faz você ter medo de questionar.

Para as crenças religiosas, o saber é ameaçador, pois tem o poder de destruir o que as mantém vivas: a fé.

Seguidores da Bíblia não perdem um segundo sequer de sono por rejeitarem as doutrinas do Alcorão, apesar de ele asseverar que quem as rejeita vai para o Inferno.

Honestidade intelectual é querer sempre e somente a verdade, nua e crua, seja qual for. É não ser seletivo, cometendo a Falácia da Evidência Suprimida. Honestidade intelectual é, portanto, algo que a religiosos é impossível ter.

“Mas Paulo, as histórias fantásticas da Bíblia são apenas alegorias.” Isso é desonestidade intelectual ao quadrado. Quando a história é evidentemente ridícula, é só dizer que é alegoria, e pronto. Não aceitam essa mesma desculpa para justificar as infantilidades dos livros sagrados de outras religiões. Quem decide o que da Bíblia é alegoria? E se, por serem ridículas, algumas histórias são “apenas alegorias”, por que não a de Jesus?
Se um deus 3 em 1 nascer duma menina virgem que ele mesmo engravidou, olhar para o céu e conversar consigo mesmo, sacrificar-se para si mesmo, a si mesmo ressuscitar e ir para o Céu sentar-se à direita de si mesmo não é uma história ridícula, então não sei o que é.

Argumento Cosmológico, ou da Primeira Causa, ainda que provasse que Deus existe, como sabem os judeus que Deus é Javé; os cristãos, que Deus é Javé 2 (Jesus); os muçulmanos, que Deus é Javé 3 (Alá)? Não há a mínima possibilidade de saberem. Podem estar adorando, além de o deus errado, a versão errada de Javé, entretanto não o admitem. Isso é desonestidade intelectual.

Não é preciso ser um gênio para reconhecer que não saber qual deus existe e qual religião o representa é evidência de que ou Deus não existe ou sua existência é inútil.

No intuito de provar que Deus existe, é desonestidade intelectual fazer uso de argumentos filosóficos ao mesmo tempo em que se acredita num monte de coisas sem fundamento. É querer se passar por racional sendo irracional. Mesmo que Deus exista, os relatos dos livros sagrados podem ser mentira.

Como Osíris, Zeus e Vishnu, Javé é apenas uma divindade: o deus dum povo, dum livro, duma religião, o Argumento da Primeira Causa não se aplica a deuses específicos. Cristãos sabem disso, mas, por serem intelectualmente desonestos, fingem que não sabem.
Se Deus não precisa ter causa, nada o impede de ser uma força impessoal. [mas] Para ele abre-se uma exceção — e isso é desonestidade intelectual.

Se um dia houve unanimidade acerca da ideia de que todo efeito precisar ter causa, hoje a tendência é filósofos e cientistas a considerarem ultrapassada. [artigo When Causality Breaks (Quando a Causalidade Se Quebra), de 2020, da revista americana New Scientist]. Físicos estão percebendo que causalidade pode não ser tão simples quanto pensávamos.

De onde judeus, cristãos e muçulmanos tiraram que Deus ama, protege, ajuda e cura seus adoradores e quer levá-los para o Céu? O Criador do Universo pode, por exemplo, estar se lixando para sua criação ou até sentir prazer em vê-la sofrer. Se a Terra é produto duma mente inteligente, Vênus é produto de que? Uma divindade que cria a vida num universo que destrói a vida é, no mínimo, esquizofrênica.

Se realmente fôssemos o suprassumo do Universo, este refletiria nossa superioridade. O Cosmos é um lugar terrivelmente hostil. Nosso sistema solar é letal. Em qualquer um de seus outros sete planetas. Se a vida na Terra é evidência da existência de Deus, a ausência de vida em sete planetas e cinco planetas anões ganha de 12 a 1 como evidência da inexistência dele.

O Universo existiu perto de dez bilhões de anos sem a Terra, que passou quase 4,5 bilhões de anos muito bem sem o homo sapiens. Cosmicamente falando a Terra não está com essa bola toda e o ser humano não é o rei da cocada preta.

[Trecho de] Canção da Galáxia, cantada por Eric Idle no filme O Sentido da Vida, do grupo humorístico britânico Monty Python: “E reze para que algum lugar no espaço tenha vida inteligente, porque a Terra tem porcaria nenhuma”.

A própria Terra é repleta de indícios de que é guiada por uma mão: a do acaso. “Para mim, a Natureza é, sei lá, aranhas e besouros, peixes grandes comendo peixes pequenos, plantas comendo plantas e animais comendo… É como um enorme restaurante.” — Woody Allen (A Última Noite de Boris Grushenko)

Já ouviu falar em mancenilheira? É uma árvore do Caribe tão tóxica que ficar embaixo dela em dia de chuva causa bolhas na pele. Se Evolução é mentira, quem botou esse veneno nessa árvore — e por quê?

Para um deus que cria um planeta em que naturalmente ocorrem extinções em massa, seres vivos devoram outros seres vivos e seres vivos se alojam em outros seres vivos e lhes causam doenças que os levam à morte, a vida não pode ser especial.

“Mas Paulo, esse não era o plano de Deus!” Alô, desonestidade intelectual! Se Deus conhece o futuro, tudo é plano de Deus, inclusive o penteado de Donald Trump.

Lúcifer deve ser a criatura mais idiota do Universo, pois só um perfeito idiota tentaria derrotar alguém inderrotável. Que tal o Todo-Poderoso então simplesmente tomar de volta o poder que emprestou a Lúcifer?

“Paulo, você sabe que Deus existe, mas você se recusa a nele acreditar.” O Livro dos Livros é ruim de lógica até quando acusa. Ora, se eu soubesse a verdade a respeito de Deus, não precisaria nele acreditar.

Não rejeito Deus, pois para eu poder rejeitá-lo ele primeiro teria que existir.

“Prove que Deus não existe!” Se crentes não têm obrigação de provar que Deus existe, descrentes têm ainda menos obrigação de provar que Deus não existe. Os atributos de Deus se contradizem de tal modo que ele mesmo se encarrega de provar sua própria inexistência.

Um místico hindu disse: ‘Mente rápida, é louco. Mente devagar, é santo. Mente parada, é Deus’”.

Se Deus é onisciente, conhece o futuro. Se Deus conhece o futuro, não tem como alterá-lo. Por conseguinte, pedir favores a Deus é gostar de perder tempo. Se Deus conhece o futuro, o futuro já está traçado. Se o futuro já está traçado, o livre-arbítrio não existe.

O que o caro leitor acharia de ser espionado dia e noite, todos os segundos de sua vida, em todos os lugares? Isso é precisamente o que um deus onipresente faria. Só que muito pior. O controle pelo Big Brother celeste seria total: por ser também onisciente, de suas criaturas monitoraria ainda todos os pensamentos. Como poderia isso ser natural? Sentir-se incessantemente vigiado, escutado e escaneado (ainda por cima, sob ameaça de castigo) deve causar transtornos mentais em muitos dos bilhões de adoradores dessa divindade. Só lavagem cerebral é capaz de tornar aceitável o inaceitável.

Por que Deus criou Adão e Eva, se, por conhecer o futuro, sabia que pecariam e seu pecado traria sofrimento a bilhões de inocentes e forçaria Deus a, no Fim dos Tempos, destruir a Terra?

Como pode Deus se ofender, se não tem como ser surpreendido? Se Deus é perfeito, pode criar só coisas perfeitas. Se mais tarde as coisas criadas perfeitas se tornassem imperfeitas [o que não é possível, mas suponhamos que fosse], Deus seria criador de imperfeição. Logo, tudo que suas criaturas fazem é perfeitamente do jeito que Deus quis.

Por que cristãos abominam, demonizam e combatem (às vezes, com violência) o aborto, se quem vive corre o risco de ir para o Inferno e quem morre bebê Deus automaticamente leva para o Céu?

“Às vezes quero crer, mas não consigo. É tudo uma total insensatez. Aí, pergunto a Deus: ‘Escute, amigo, se foi pra desfazer, por que é que fez?’” — Vinicius de Moraes

Não é por decepção, raiva, birra, rebeldia ou aversão que não acredito em Deus: é porque Deus e a crença nele nem sequer fazem sentido.

Já assistiu a vídeos de pregadores mirins, meninos gritando de terno e gravata, Bíblia na mão e dedo em riste? Foi tão comovente e animador topar com a história de Elia Drozdovska, fiz questão de traduzi-la:
[trechos] “Por que as mulheres têm de cobrir a cabeça quando estão na igreja, mas os homens não? — perguntei a meu pai durante a missa. É uma tradição. Cobrir a cabeça simboliza que a mulher é obediente e submissa ao marido — sussurrou meu pai. Olhei para o menino ao lado e pensei: “Temos a mesma idade e o mesmo cabelo, mas por alguma razão Deus acha que ele é melhor do que eu”. Eu era a única pessoa que eu conhecia que questionava a existência de Deus. Em especial, incomoda-me a forma como Deus trata mulheres na Bíblia. Parei de orar à noite e usar uma cruz no pescoço. E meu pai parou de falar comigo. Agora, tenho 16 anos. Não me sinto estranha por ter crenças ou opiniões diferentes. Ateia é como agora me identifico. Cheguei ao Ateísmo como resultado do meu pensamento crítico.”

Se admitissem que Ateísmo não é resultado de decepção, religiosos estariam reconhecendo que as razões que alguém tem para ser ateu são legítimas. Seria desconfortante, quiçá desanimador.

Se não a única, a principal razão por que alguém se esforça para acreditar que Deus existe e obedecer às suas ordens é ser recompensado com vida eterna numa mansão de ouro.

Um cristão da periferia morre e vai para o Céu:
— Jesus, tô procurando o Herbert José de Sousa, mas não encontro ele.
— Quem?
— O Betinho.
— Que Betinho?
— O fundador da Ação da Cidadania Contra a Fome, a Miséria e Pela Vida.
— Ah, tá no Inferno.
— No Inferno?! Por que?
— Era ateu. Pior: comunista!
— Mas ele fez exatamente o que o Senhor mandou seus seguidores fazerem. Tive fome, e o Betinho me deu de comer. Estava nu, e o Betinho me vestiu.
— Dane-se! Não me adorou, se lascou.

Acredite quem quiser, o Cristianismo realmente ensina que pessoas boas, como esse sociólogo e ativista dos direitos humanos, serão castigadas com inimagináveis torturas só por não terem crido num ser invisível chamado Jesus, a mais perversa de todas as doutrinas: o Inferno.

Infantes acreditarem em fadas e duendes é natural. Adultos acreditarem em deuses e demônios é infantil.

“Deus é um cara gozador, adora brincadeira”, porquanto cada vez que fala para uma pessoa fundar uma igreja, fala para ela pregar uma verdade diferente.

Não sei duma única divindade que, por possuir qualidades melhores que as minhas, poderia me servir de bom exemplo.

Ateísmo é resultado natural de honestidade intelectual.

“Mas Paulo, Ateísmo também é religião!” Descrer não tem conteúdo, isto é, ensinamentos, doutrinas. Se descrença não tem conteúdo, nada ensina. Se descrença nada ensina, Ateísmo não tem como ser religião.

Cansado de ganhar mixaria com ficção científica, Ron Hubbard converteu o conteúdo de seus livros em doutrinas religiosas e fundou a Igreja da Cientologia.

Assim como não é impossível que a Mula Sem Cabeça exista, não é impossível que Deus exista. No entanto, por falta de evidências não há razões para nele acreditar.

Crer em Deus tem a ver com utopia, insegurança, medo, fuga, subordinação, dependência, uniformidade, controle e arrogância. Honestidade intelectual tem a ver com realidade, maturidade, bom senso, coragem, dignidade, autoestima, autorrespeito e humildade. Ser intelectualmente honesto é ter vergonha na cara e não mentir a si mesmo.

O Covid-19 tanto fecha casas de Deus quanto mata homens de Deus. Gerald Glenn, fundador da The New Deliverance Evangelistic Church, exclamou: “Deus é maior que esse terrível vírus!”. Duas semanas depois, Glenn estava morto. O Criador do Universo não mexeu um dedo para livrar seu servo. A crença em Deus não só não cura como até mata.

Para que exatamente serve um deus que livra, mas só quando lhe dá na telha? Se não é possível contar com livramento divino, quando há livramento não é possível ter certeza de que foi divino.

Se Deus tem o poder de livrar, tem o poder de impedir. Se tem o poder de impedir, Deus não tem desculpa para não fazê-lo sempre. De que o caro leitor chamaria alguém que pode impedir o perigo, mas não o faz só para salvar do perigo e poder posar de herói?

O que cristãos mais repetem é “Deus é amor” e “Deus é bom”. Não deveriam, então, essas duas frases servir de critério para “distinguir, discernir e identificar a verdade” sobre o deus que cristãos garantem existir?

Os próprios crentes provam que acreditar em Deus nada tem a ver com verdade. Acreditam nele por vários motivos, sobretudo medo da morte e Inferno, mas não porque seja verdade. Como poderiam “Deus é amor” e “Deus é bom” ser compatíveis, por exemplo, com a pandemia de Covid-19?

Se nada pode convencer um crente a deixar de crer, crer é estupidez.

Muitos cristãos veem nessa pandemia a prova da existência de Deus, que, como na Bíblia costumava fazer, estaria castigando a Humanidade. Por que o irado Javé desta vez está matando também quem trabalha para ele só Deus sabe.

O deus bíblico curava lepra, mas, por incrível que pareça, não cura rinite alérgica.

Ora, se viver é expor-se ao risco de ser devorado pelo Diabo, doenças e acidentes deveriam ser bem recebidos e vistos como oportunidades para escapar das garras de Satanás e ir sentar-se no colo de Jesus.

Ou Jesus fez promessas incumpríveis ou mentiu ou não existiu. O Nazareno restaurou a mão dum homem, mas o bispo Edir Macedo não é capaz de curar a atrofia da sua própria.

O deus da Bíblia é cruel: faz promessas incumpríveis, bota a culpa no fiel, cuja fé nunca é suficiente, ameaça-o de castigo se reclamar e o manda para o Inferno se perder a fé.

Desonestidade intelectual e insensibilidade cristã: “A próxima vez que você for tentado a sentir pena de si mesmo, pense em todos os que estão em situação pior que você”. Nessa declaração Craig comprovou o sadismo, masoquismo e perversidade do Cristianismo.

A pergunta que não quer calar é: “Para que serve a crença em Deus, se dele nada se pode esperar, muito menos cobrar?”. As notícias claramente mostram que a Humanidade está entregue à sua própria sorte, mas muitos crentes são induzidos a crer que as mazelas do mundo fazem parte do Plano de Deus. Não preciso ficar livrando a pele dum ser invisível ou jogando a culpa noutro ser invisível por tudo que há de ilógico no Universo e errado no mundo.

Crer em Deus causa desarmonia entre convicção e conduta. Por exemplo, para que se medicar, se acredita num deus que cura através da oração? Todos os cristãos vivem com desarmonia entre convicção e conduta, pois nenhum pratica tudo que Jesus e os apóstolos ensinaram:

“Já vi mais dinheiro roubado em nome de Deus que de qualquer outra maneira. — Joseph Borg (Presidente da North American Securities Administrators Association)

Manipulados por seus lobos, as ovelhas voltaram a achar bom misturar religião com política.

Em 1 João 5:19, lemos que “o mundo todo está sob o poder do Maligno”. Faz sentido, afinal, por que diabos teria o Maligno transportado Jesus a uma montanha, a ele mostrado os reinos do mundo e dito “Tudo isto te darei, se te prostrares e me adorares”, se não estivessem sob seu domínio?

Um povo sem cultura é um povo fanático e estúpido. Correndo risco de morte, em 2020 uma menina de dez anos, que desde os seis era estuprada pelo próprio tio, foi encaminhada com dores na barriga a um hospital de Recife para a realização legal de aborto. Além de com o médico, o bando de cristãos se revoltou com a menina, mas não com o todo-poderoso Javé-Jesus, que, cada vez que ela era estuprada, ficava só olhando.
Se o caro leitor pudesse, impediria uma criança de ser estuprada? Se sua resposta é “Sim”, parabéns! Você é melhor que Deus.

Se milhares de deuses e religiões são falsos, por que haveriam logo seu deus e sua religião de serem verdadeiros? Se Deus existe e é Javé, Javé-Jesus ou Alá, é representado por religiões rachadas. A maior delas, o Cristianismo, é subdividida em milhares de denominações.

Muita gente pensa que sem crer num amigo celestial e ser membro dum clube que o representa a vida seria incompleta. Se crer em Deus fosse garantia de felicidade crentes não sofreriam de depressão e homens de Deus não se matariam.

Dói-me no coração que não seja possível coibir pais de enfiar imoralidades, perversidades e baboseiras religiosas na cabeça de seus filhos.

Respeito o direito das pessoas de acreditar em imbecilidades, não as imbecilidades em que as pessoas têm o direito de acreditar.

Religiões que ensinam que incesto, poligamia, escravidão e matar crianças é normal não têm moral para impor moralidade.

Decerto o caro leitor já ouviu falar de charlatões que foram presos por ilegalmente praticarem medicina, mas nunca de pastores e pastoras que foram presos por prometerem curas. Por que será?

Não vejo “igrejas sérias”, preocupadas em salvaguardar o bom nome do “verdadeiro Cristianismo”, reivindicando o fechamento das igrejas inescrupulosas.

Exijo, sim, que seja proibido pastores enriquecerem. Basta de exploradores da fé, como o apóstolo Valdemiro Santiago e seus feijões mágicos! Chega de aproveitadores da credulidade, como o pastor Silas Malafaia e suas pregações de ódio!

Chega de infernizar as pessoas com pregações em praças, ônibus e trens!

Torça os livros de História do Cristianismo e sairá sangue.

Em alguns países ainda hoje descrer de seres invisíveis é punível com a morte. Nos países cristãos em que era proibido descrer, era proibido também crer — diferentemente da maioria. Quando era proibido ser descrente, crentes matavam outros crentes. Liberdade religiosa pode haver só onde é permitido aquilo que religiões combatem: a descrença. Afinal, crentes também são descrentes: descreem das outras religiões.

Carnificinas entre diferentes vertentes do Cristianismo confirmam que ele não tolera tolerância. A única coisa que impede cristãos de voltar a matar em nome de Jesus é o Estado laico, fruto do secularismo.

Não queira ir para o Céu: ele é controlado por uma religião.

À palavra ateu crentes dão conotação negativa. Só que ser ateu implica em eu ser também naturalista, humanista e livre-pensador. Essas palavras religiosos têm mais dificuldade em atacar e depreciar.

Rotulam críticos de neoateus, como se criticar religiões fosse novidade.

Um amigo lhe mostrou uma exibição de presentes votivos e disse: “Você acha que os deuses não se importam com os humanos? Nestas imagens, você pode ver quantas pessoas escaparam da fúria das tempestades marítimas orando aos deuses que os trouxeram a salvo para o porto”. Ao que Diágoras respondeu: “Sim, de fato, mas onde estão as imagens dos que naufragaram e morreram nas ondas?”. Diágoras foi indiciado por profanar os mistérios, mas escapou.

Não escrevi este livro para converter você ao Ateísmo. O Ateísmo não tem nem doutrinas nem dogmas. Por conseguinte, nada ensina e nada exige. Nada há, pois, no Ateísmo que deva ser aceito, muito menos sem questionar. Questionar é precisamente o que eu gostaria que você fizesse!

Se Deus é mistério, por que se importar com ele? Se Deus se esconde, por que temos nós de buscá-lo?

A crença em Deus vive também de desculpas esfarrapadas. Há sites que se dedicam a passar a ideia de que sua fé não é cega, mas racional, nunca topei com um que respondesse aos questionamentos.

Quando, à mesa, religiosos agradecem a Deus pelo alimento, todo ano, mais de 800 milhões de pessoas passam fome e nove milhões de pessoas morrem de fome. Pedir a Deus para não deixar pessoa alguma morrer de fome não é uma oração absurda (muito menos para um deus amoroso e todo-poderoso).

Quanto menos religioso e mais secular, melhor o mundo se tornou.

Ou Deus é amor ou não. Se é amor, não pode castigar suas criaturas apenas por nele não acreditarem. É contraditório. É imoral. É perverso.

No Cristianismo, não precisa fazer mal para ser pecado: usufruir de prazeres já é pecado e já nos condena, mesmo essas coisas não prejudicando ninguém.

“Quanto mais eu lia a Bíblia, mais eu ficava chocado. Era tudo muito sórdido, inescrupuloso. De uma coisa tenho certeza: o deus da Bíblia não é bom, não é amor, a Bíblia não é linda e tem contradições, sim. Não existe justificativa para o injustificável, e ninguém na face da Terra vai fazer eu achar as barbaridades cometidas pelo deus bíblico algo bom e justo.”

A maioria das pessoas vê o Cristianismo como bom, no mínimo inofensivo. Afinal, é a religião do amor, certo? Errado. Se fosse, cristãos não teriam passado séculos cometendo indizíveis atrocidades, convictos de que estavam fazendo a vontade de seu Mestre.

Porém, se existir, que exista! E daí? Se Deus existe, não é necessário acreditar nele, e se não existe, muito menos. “Por que crer em Deus?”. Afinal, muda o que? Traz que benefício? Se não extingue catástrofes naturais, doenças, violência, guerras e fome, para que serve a crença em Deus?

Se Deus existir ele obviamente não se importa com a Humanidade, pelo que não há razão para a Humanidade se importar com ele.

Tornar-me ateu não fez minha vida descambar, muito menos para o mal. Deparo-me com tantos crentes e líderes espirituais destilando ódio que me sinto melhor pessoa que eles e dou graças à Razão por ter me tirado desse tóxico mundo paralelo.

Haveria um ser que fez trilhões de galáxias de sentir necessidade de ser adorado?

Todas as exigências religiosas são idiotices. Não existe vida após a morte, muito menos eterna. O que eles querem é tentar impedir que os fatos se revelem, que as mentes se rebelem,

As religiões não são iguais. Umas são piores que outras.

Livrar-se da igreja é relativamente fácil, comparado a libertar-se da estrutura psicológica da religião cristã. Você conhece alguma outra religião que culpa as pessoas até por crimes que elas não cometeram?

Quando cristãos descobrem os defeitos de figuras públicas, como Bill Gates, mudam-nas da caixa dos mocinhos para a dos bandidos. O Cristianismo não oferece um modelo mental em que as pessoas são complicadas e, mesmo assim, decentes.

O livro da capa preta transmite a ideia de que sexo é uma coisa imunda. A maioria das igrejas, se não todas, considera a masturbação pecado. Algumas até juram que ela faz mal à saúde. Confirmando o Velho Testamento, o Novo joga todos os homossexuais na mesma panela e os acusa de escolherem ser homossexuais, ainda por cima pelo mero prazer de praticar a maldade.

Pessoas que consagram sua vida a Deus focam mais no futuro que no presente. Para quem está de olho no prêmio celestial, as pequenas maravilhas do dia a dia, que constituem o centro da alegria duma vida consciente, são meras distrações.

Por algum motivo, a lavagem cerebral religiosa não está mais conseguindo forçar você a justificar as doutrinas perversas da Palavra de Deus. Você quer se libertar dessa prisão ideológica, mas esse é um daqueles casos em que falar é fácil, fazer é que é difícil. Conscientize-se de que o medo que você talvez ainda tenha de definitivamente romper com a religião foi embutido em você por ela mesma. A ameaça de castigo infernal é uma arma para impedir você de fugir da prisão religiosa. Qualquer sistema de ideias que coaja você a aceitar e o intimide a não questionar é perverso e merece ser jogado no lixo. Exatamente como num relacionamento abusivo, a religião põe a culpa em você e o manda se esforçar mais. A religião passou anos intoxicando você. Então, desintoxicar-se dela leva tempo. Se é difícil deixar o Cristianismo, pense em quão mais difícil é deixar o Islamismo. Apesar disso, todo ano milhares de pessoas abandonam o Islã. Religião intoxica não só intelectual mas também psicologicamente, sobretudo se você foi doutrinado, ou seja, intoxicado desde criança. Religiões têm muito em comum com ditaduras. Não querem que você saiba demais, descubra seus podres. Não há, portanto, razões para você se sentir mal por rejeitar a Bíblia. Um livro que gera tanta arrogância, confusão, divisão, hostilidade e violência merece ser rejeitado. A perfeição não existe em lugar algum do Universo. Logo, neste planeta também não. Ele, porém, é nosso mundo. Aceite a ideia de que sua casa é a Terra e sua família, a Humanidade. Nenhum deus está no comando. Melhorar o mundo depende de nós. Estamos todos interligados. Junte-se a outros para tornar nossa casa um lugar mais agradável. À medida que reconhece que você faz parte não dum mundo invisível, imaginário, mas deste, o real, você percebe que, ao contrário do que a religião em você inculcou, você tem valor e não precisa merecer existir. Você tem o direito de gozar a vida sem sentimento de culpa. Em vez de julgar as pessoas, busque apreciá-las.

Se o caro leitor não gostou de meu livro, diga-o a mim. Não tenha medo: não mandarei você para o Inferno.

 

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